O dia 31 de março de 1848 é uma data muito especial na história do Espiritismo. Foi exatamente nesse dia que ocorreu o primeiro diálogo entre as irmãs Margareth e Kate Fox e o espírito de uma pessoa que tinha sido assassinada cinco anos antes na casa em que elas moravam, numa pequena cidade chamada Hydesville, no Estado de Nova York, Estados Unidos da América do Norte.
A família Fox, que era metodista, tinha alugado aquela casa de madeira um ano antes, em dezembro de 1847. Ali moravam John David, sua esposa Margareth e suas duas filhas Kate de 9 anos e Margareth de 12 anos. Eles tinham outros filhos, que não moravam com eles.
Antes da família Fox, outros inquilinos que moraram naquela casa já tinham se queixado que estranhos ruídos eram ouvidos ali. Aqueles ruídos, que começaram aos poucos, foram aumentando de intensidade. Eram barulhos de arranhões nas portas e paredes, outras vezes eram batidas ou até mesmo barulhos de móveis sendo arrastados. Muitas vezes estas vibrações eram tão fortes que as camas tremiam e até se deslocavam do chão. Kate e Margareth, assustadas, não conseguiam dormir e iam para o quarto dos pais. Todos estavam muito abalados. O casal começou a investigar aqueles fenômenos, mas não chegavam a nenhuma conclusão.
Kate, a mais nova, teve uma ideia: desafiar aquela força invisível, começando a dialogar com ela. Batendo palmas, falou: Sr. Pé rachado, faça o que eu faço. Imediatamente ela ouviu o mesmo número de batidas. Kate continuou: - Agora, faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro e bateu palmas. As batidas foram exatamente iguais. Aí Kate falou para a sua mãe: - Já sei o que é! Amanhã é primeiro de abril e alguém quer nos pregar uma mentira! A senhora Fox então passou a fazer perguntas. Pediu ao desconhecido para dizer a idade de suas filhas e a resposta do número de batidas foi correta. Então, ela se aprofundou mais no diálogo, perguntando: Quem está aí é um ser humano? Não houve respostas. Em seguida, ela perguntou: “É um espírito? Se for, dê duas batidas”. Imediatamente, ela ouviu duas batidas. A sra. Fox então perguntou: Se for um espírito assassinado, dê duas batidas. Logo ela ouviu duas batidas.
Estabeleceram então uma espécie de comunicação com o espírito, criando um alfabeto do tipo “telegrafia espiritual”. Descobriram então que este espírito comunicante tinha sido um vendedor ambulante de nome Charles Rosma, que tinha sido assassinado a golpes de facada há cinco anos por uma pessoa chamada Bell que na época habitava naquela casa. O corpo tinha sido levado para a adega e que somente na noite seguinte é que tinha sido sepultado, a aproximadamente três metros de profundidade. Contou que o motivo do crime foi o roubo de um dinheiro que possuía, aproximadamente quinhentos dólares.
Foram feitas escavações no local indicado e acharam alguns ossos e cabelos humanos. Cinquenta e seis anos mais tarde, foi encontrado próximo ao local, embaixo da parede, o esqueleto completo com uma lata, provando que o corpo tinha sido removido de um lugar para outro, com medo de ser descoberto. Logo os vizinhos fizeram uma comissão de investigação e começaram a participar intensamente dos diálogos, ficando assustados, pois o Espírito respondia detalhes de suas vidas íntimas. Um dos vizinhos estabeleceu então uma maneira de identificar as respostas, colocando as letras do alfabeto e o Espírito fazia pequenos
arranhões nas letras. No ano seguinte, a família Fox passou a excursionar pelo país, realizando sessões mediúnicas para o público em várias cidades.
Outras entidades espirituais começaram a se manifestar e disseram que Kate e Margareth eram médiuns que vieram com a missão de cooperar no importante movimento de ideias que chamaria a atenção do mundo em muito pouco tempo. A repercussão dos fenômenos foi tão grande que começaram a atrair a atenção de milhares de curiosos. Em 1850, a família Fox mudou-se para New York e continuou com as sessões públicas no Hotel Barnum.
Outras comissões de investigação foram feitas, para ver se descobriam algumas fraudes e as irmãs Fox foram muito perseguidas. A imprensa criticava e a Igreja Metodista, à qual a família Fox pertencia, ameaçou-a de expulsão. Porém, eles preferiram ser expulsos da Igreja a negar que aqueles fenômenos fossem verdades. A partir desta data, começaram, na Europa, a aparecer o fenômeno das mesas girantes, despertando as consciências e preparando todos para o surgimento do Espiritismo.
José Náufel – “Do ABC ao Infinito”
MESAS GIRANTES
Mesas girantes, mesas falantes ou dança das mesas são um tipo de sessão espírita em que os participantes se sentam ao redor de uma mesa, colocam as mãos sobre ela e esperam que ela se movimente. Populares no século XIX, acreditava-se que as mesas serviam como meio de comunicação com espíritos. Alfabetos também eram colocados sobre as mesas e elas se inclinavam para a carta adequada, soletrando palavras e frases.
Allan Kardec, em seu “O Livro dos Médiuns”, afirma que o movimento das mesas girantes era causado por espíritos de pessoas que haviam vivido na Terra. Segundo seus biógrafos, ele foi convidado nos anos 1850 por Fortier, seu amigo e estudioso das teorias do controverso médico alemão Franz Anton Mesmer, a verificar, observar e analisar o fenômeno chamado de mesas girantes, um tipo de sessão espírita popular naquela metade do século XIX.
As primeiras manifestações de mesas girantes observadas por Kardec aconteceram por meio de mesas se levantando e batendo, com um dos pés, um número determinado de pancadas e respondendo, desse modo, “sim” ou “não”, segundo fora convencionado, a uma questão proposta. No livro “A Gênese”, Kardec atribuiu o movimento das mesas girantes ao que ele chamou de“fluido perispirítico”, que seria compartilhado entre os seres humanos e os espíritos.
Por volta da mesma época, Victor Hugo e Gerard de Nerval tornam-se crentes nas mesas girantes. Victor Hugo, durante seu exílio na ilha de Jersey (1851-1855), participou de inúmeras sessões de mesas girantes com seu amigo Auguste Vacquerie, em contato com espíritos de falecidos, inclusive sua filha Léopoldine (morta por afogamento), incluindo grandes escritores como Shakespeare, Dante, Racine e Molière. Por causa dessas experiências com as mesas, Victor Hugo se converteu ao Espiritismo e clamou que a ciência deveria dar atenção e seriedade para os fenômenos das mesas.
Wikipédia
RIVAIL E AS MESAS GIRANTES
O prof. Hippolyte-Léon-Denizard Rivail ficou sabendo sobre o fenômeno das mesas girantes no ano de 1854, através do amigo Fortier, que era um magnetizador e que lhe trazia a notícia de que não eram somente as pessoas que se podiam magnetizar, mas também mesas que giravam e se movimentavam livremente.
De pronto, isso não causou nenhum espanto ao Prof. Rivail, pois que entendia que o “fluido magnético, espécie de eletricidade, pode perfeitamente agir sobre os objetivos inertes e fazê-los movimentarem-se”. Em outra situação, o mesmo Fortier informa ao Prof. Rivail de que não só se podia magnetizar os objetos, como uma mesa, mas que esta também respondia a questões quando perguntada. A isso respondeu ele:
- “Isso, agora, é outra questão. Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir, e que possa tornar-se sonâmbula. Até lá, permita que eu não veja no caso mais do que um conto para fazer-nos dormir em pé”.
Em maio de 1855, Kardec teve o seu primeiro contato com o fenômeno em casa da senhora Plainemaison, quando assistiu a mesas que se movimentavam e ensaiavam respostas, de forma muito rudimentar, através de uma simples cesta. Kardec percebeu que ali havia mais coisa do que um simples divertimento. Havia uma lei natural que não era conhecida, a qual dedicou o resto de sua vida para pesquisar, entender e estabelecer um corpo de Doutrina.
Kardec recebe a primeira revelação de sua missão em 30 de abril de 1856, na casa do parisiense Roustan, e o Espírito se manifesta, utilizando do médium que movia uma cesta de bico, instrumento inicialmente usado para obtenção das mensagens escritas.
No dia 12 de junho de 1856, por intermédio da jovem Aline, o Espírito da Verdade lhe fala sobre sua missão como responsável pela codificação do Espiritismo. Kardec não percebia o que justificava nele tal graça, quando tantos outros possuíam talento e qualidades que ele não reunia, mas, aí, o Espírito da Verdade confirmou o que alguns Espíritos já haviam dito, recomendando-lhe discrição, se quisesse se sair bem:
“Não esqueças que podes triunfar, como podes falir”, advertiu.“Neste último caso, outro te substituiria, porquanto os desígnios de Deus não assentam na cabeça de um homem.”
Daí em diante, Rivail não parou mais de pesquisar e estudar os fenômenos, cujas análises e conclusões associadas com mensagens recebidas dos Espíritos responsáveis pela nova revelação ficaram registradas na Codificação Espírita, que é composta pelos cinco livros básicos: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868).
Paulo Oliveira
PIONEIRISMO NA BAHIA
Afirma-se que a história do Espiritismo no Brasil remonta ao ano de 1845, quando, no então distrito de Mata de São João, na então Província da Bahia, teriam sido registradas as primeiras manifestações. De acordo com Divaldo Pereira Franco, o ano teria sido 1849, tendo se caracterizado por um confronto entre profitentes da Igreja Católica e os espíritas, com a interveniência da força policial da localidade.
Em Salvador, capital da Bahia, foi fundado em agosto de 1857, o Conservatório Dramático da Bahia, do qual participavam, entre outros, personalidades como Rui Barbosa e Luís Olímpio Teles de Menezes. E foi nesse grupo que Teles de Menezes travou, logo de início, muitos contatos com os estranhos fenômenos, vindo, em vista desses novos conhecimentos, a corresponder-se com alguns espíritas franceses.
NO RIO DE JANEIRO
No Rio de Janeiro, então capital do Império, as primeiras sessões espíritas foram realizadas por franceses, muitos deles exilados políticos do regime de Napoleão III de França, na década de 1860. Alguns desses pioneiros foram o jornalista Adolphe Hubert, editor do periódico “Courrier do Brésil,” o professor Casimir Lieutaud, e a médium psicógrafa, Madame Perret Collard.
Em 1860, o professor Casimir Lieutaud, fundador e diretor do Colégio Francês no Rio de Janeiro, publicou a tradução, em língua portuguesa, das obras “Os tempos são chegados” (“Les Temps sont arrivés”) e “O Espiritismo na sua mais simples expressão” (“Le Spiritisme à sa plus simple expression”).
O primeiro periódico publicar trechos traduzidos das obras de Allan Kardec foi o “A Verdadeira Medicina Física e Espiritual associada à Cirurgia”: jornal científico sobre as ciências ocultas e especialmente de propaganda da magnetotherapia”, publicado de janeiro a abril de 1861, pelo Dr. Eduardo Monteggia, não por que se considerasse espírita, mas sim um democrata.
Wikipédia
HIPPOLYTE LÉON DENIZARD RIVAIL
OBRAS DIDÁTICAS
Foi autor de numerosas obras de educação, entre as quais podemos citar:
• Curso Prático e Teórico de Aritmética;
• Curso Completo Teórico e Prático de Aritmética;
• Escola de Primeiro Grau;
• Plano Proposto para a Melhoria da Educação Pública; (obra mereceu destaque e prêmio nacional).
• Os Três Primeiros Livros de Telêmaco;
• Gramática Francesa Clássica;
• Memória sobre a Instrução Pública;
• Qual o Sistema de Estudos mais em Harmonia com as Necessidades da Época;
• Discurso Pronunciado por Ocasião da Distribuição dos Prêmios de 14 de agosto de 1834;
• Programa dos Estudos segundo o Plano de Instrução de H.L.D. Rivail;
• Manual dos Exames para os Certificados de Capacidade.
• Soluções dos Exercícios e Problemas do Tratado Completo de Aritmética;
• Projeto de Reforma referente aos Exames e aos Educandários para Mocinhas;
• Catecismo Gramatical da Língua Francesa;
• Gramática Normal dos Exames;
• Ditados Normais dos Exames;
• Ditados da Primeira e da Segunda Idade;
• Ditados da Primeira e da Segunda Idade, volume dois;
• Curso de Cálculo Mental;
• Programa dos Cursos Usuais de Física, Química, Astronomia e Fisiologia;
• Programa dos Estudos de Instrução Primária;
• Tratado de Aritmética
DIPLOMAS OBTIDOS
Lista dos principais diplomas obtidos por Denizard Rivail durante a sua carreira de professor e diretor de colégio:
• Diploma de fundador da Sociedade de Previdência dos Diretores de Colégios e Internatos de Paris - 1829
• Diploma da Sociedade para a Instrução Elementar - 1847. Secretário geral: H. Carnot.
• Diploma do Instituto de Línguas, fundado em 1837. Presidente: Conde Le Peletier-Jaunay.
• Diploma da Sociedade de Educação Nacional, constituída pelos diretores de Colégios e de Internatos da França - 1835. Presidente: Geoffroy de Saint-Hilaire.
• Diploma da Sociedade Gramatical, fundada em Paris em 1807, por Urbain Domergue - 1829.
• Diploma da Sociedade de Emulação e de Agricultura do Departamento do Ain - 1828 (Rivail fora designado para expor e apresentar em França o método de Pestalozzi).
• Diploma do Instituto Histórico, fundado em 24 de Dezembro de 1833 e organizado a 6 de Abril de 1834. Presidente: Michaud, membro da Academia Francesa.
• Diploma da Sociedade Francesa de Estatística Universal, fundada em Paris, em 22 de Novembro de 1820, por César Moreau.
• Diploma da Sociedade de Incentivo à Indústria Nacional, fundada por Jomard, membro do Instituto.
• Medalha de ouro, 1º prêmio, conferida pela Sociedade Real de Arrás, no concurso realizado em 1831, sobre educação e ensino.
OBRAS ESPÍRITAS
As cinco obras fundamentais que versam sobre o Espiritismo, sob o pseudônimo Allan Kardec, são:
• O Livro dos Espíritos, Princípios da Doutrina Espírita, publicado em 18 de abril de 1857;
• O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores, em janeiro de 1861;
• O Evangelho segundo o Espiritismo, em abril de 1864;
• O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, em agosto de 1865;
• A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, em janeiro de 1868.
Além delas, como Kardec, publicou algumas obras complementares:
• Revista Espírita (periódico de estudos psicológicos), publicada mensalmente de 1 de janeiro de 1858 a 1869;
• O que é o Espiritismo? (resumo sob a forma de perguntas e respostas), em 1859;
• Instrução prática sobre as manifestações espíritas (substituída pelo Livro dos Médiuns; publicada no Brasil pela editora O Pensamento)
• O Espiritismo em sua expressão mais simples, em 1862;
• Viagem Espírita em 1862 (1867) (publicada no Brasil pela editora O Clarim).
• Catálogo Racional de Obras para se Fundar uma Biblioteca Espírita, em abril de 1869.
Após o seu falecimento, viria à luz:
• Obras Póstumas, em 1890.
• Outras obras menos conhecidas foram também publicadas no Brasil:
• O Principiante Espírita (pela editora O Pensamento)
• A Obsessão (pela editora O Clarim).
LINHA HISTÓRICA DE ALLAN KARDEC
1804 – Nasce em Lyon, em 3 de outubro de 1804.
• 1815 - Matricula-se na escola do pedagogo Johann Pestalozzi, em Yverdun, na Suiça.
• 1822 – Bacharela-se em Ciências e Letras.
• 1824 – Retorna a Paris e publica um plano para aperfeiçoamento do ensino público.
• 1825 - Dirige a Escola de Primeiro Grau, primeiro estabelecimento de ensino fundado por ele em Paris.
• 1826 - Funda um instituto técnico que funcionou até 1834, o Instituto Rivail. Empregou-se como contabilista em três casas comerciais. Passou a dedicar-se, juntamente com o Prof. Levy-Alvarès,à preparação de cursos noturnos.
• 1832 – Casa-se com Amélie Gabrielle Boudet.
• 1834 – Passa a lecionar, publica diversas obras sobre educação e torna-se membro da Real Academia de Ciências Naturais.
• 1835 – Mantém em sua casa cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia, Astronomia e outros.
• 1854 – Primeiros contatos com os fenômenos mediúnicos das mesas girantes.
• 1855 – Começa a frequentar reuniões com os fenômenos das mesas girantes.
• 1856 - Notícias e desempenho da missão (12.06).
• 1857 - O nome Allan Kardec. Publicação d’O Livro dos Espíritos, considerado como o marco de fundação do Espiritismo.
• 1858 – Lançamento da Revista Espírita. Funda a primeira sociedade espírita regularmente constituída, com o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
• 1859 – Lançamento de O que é o Espiritismo? Lançamento de Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas.
• 1861 – Lançamento de O Livro dos Médiuns (substitui Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas).
• 1862 – Lançamento de O Espiritismo em sua Expressão mais Simples e Viagem Espírita de 1862.
• 1864 – Lançamento de O Espiritismo em sua Expressão mais Simples e Viagem Espírita de 1862 e O Evangelho Segundo o Espiritismo.
• 1865 – Lançamento de O Céu e o Inferno.
• 1868 – Lançamento de A Gênese.
• 1869 – Desencarna em Paris em 31 de março de 1869, aos 64 anos de idade, em decorrência da ruptura de um aneurisma. Sepultado no Cemitério do Père-Lachaise. Em sua lápide está escrito o seu lema: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei”.
• 1890 – Lançamento de Obras Póstumas, O Principiante Espírita e A Obsessão.
Em seu sepultamento, seu amigo, o astrônomo francês Camille Flammarion proferiu o seguinte discurso, ressaltando a sua admiração por aquele que ali baixava ao túmulo:
“Voltaste a esse mundo donde viemos e colhes o fruto de teus estudos terrestres. Aos nossos pés dorme o teu envoltório, extinguiu-se o teu cérebro, fecharam-se-te os olhos para não mais se abrirem, não mais ouvida será a tua palavra… Sabemos que todos havemos de mergulhar nesse mesmo último sono, de volver a essa mesma inércia, a esse mesmo pó. Mas, não é nesse envoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança. Tomba o corpo, a alma permanece e retorna ao Espaço. Encontrar-nos-emos num mundo melhor e no céu imenso onde usaremos das nossas mais preciosas faculdades, onde continuaremos os estudos para cujo desenvolvimento a Terra é teatro por demais acanhado. (…) Até à vista, meu caro Allan Kardec, até à vista!“.
Sobre Kardec, o engenheiro francês Gabriel Delanne escreveu:
“ Substituindo a fé cega numa vida futura, pela inquebrantável certeza, resultante de constatações científicas, tal é o inestimável serviço prestado por Allan Kardec à humanidade.”
Nas palavras do brasileiro Alexander Moreira-Almeida, coordenador da “Seção de Espiritualidade, Religiosidade e Psiquiatria” da Associação Mundial de Psiquiatria.
“Kardec foi um dos pioneiros a propor uma investigaçãocientífica, racional e baseada em fatos observáveis, das experiências espirituais. Desenvolveu todo um programa de investigação dessas experiências, ao qual deu o nome de Espiritismo.”
SER Espírita nº 28
HISTÓRIA E DIDÁTICA
DO LIVRO DOS ESPÍRITOS
Desenvolvimento da palestra proferida a convite da Spiritist Sociey of Dallas, em junho de 2019.
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS - PERGUNTAS
Para que uma informação seja completa e tenha clareza e objetividade é necessário que responda, pelo menos, às perguntas típicas do lead, que nos vêm desde Aristóteles - quem, o quê, onde, como, quanto e por quê. Sempre que posso, apresento mais um ítem, “o quanto”, para que também o fator quantidade esteja presente, importantíssimo em muitos casos. Assim, de início, a palestra apresenta um conjunto completo de questionamentos, que muito poderá servir para o entendimento de todas as etapas da história e da didática d’O Livro dos Espíritos.
ENSINO-APRENDIZAGEM
Já se foi o tempo em que a aprendizagem era apenas um exercício de memorização, a famosa decoreba do tempo antigo das escolas, antes da valorização da didática e dos recursos pedagógicos. Não se admite hoje o emprego da palavra “ensino” sem que esteja ligada à palavra “aprendizagem”. Assim, já desde o início, sempre emprego o conjunto “ensino-aprendizagem”, porque jamais haverá um ensino efetivo se não houver a consequente aprendizagem. Se apresento cem informações e o leitor aprendeu cinquenta, claro que só consegui ensinar cinquenta. As outras cinquenta ficaram apenas como tentativa de ensino. Só posso considerar ensino o que foi realmente aprendido. Falei “cem”, o auditório aprendeu “cem”: aí consegui um ensino completo, cem por cento.
A seguir dois slides com três itens cada: Saber, Saber fazer e Querer fazer, equivalentes a Conhecimento, Habilidade e Atitude, como que situações localizadas em três órgãos do nosso corpo:
cabeça, mãos e coração. Então:
Saber – Conhecimento – Competência - Cérebro
Saber fazer – Habilidade – Desempenho - Mãos
Querer fazer – Atitude – Motivação - Coração
Daí, pode-se entender que “saber” é competência, “saber fazer” refere-se ao desempenho, e “querer fazer” significa a motivação.
Em verdade, toda realização só será completa quando houver competência e desempenho, ou seja, conhecimento e habilidade. Necessário conhecer o assunto e ter experiência nele. Tudo depende também da atitude, que é a motivação, o querer fazer. Os que somente sabem podem até ser bons filósofos, mas não são realizadores. O que só sabem fazer, sem a competente teoria, são apenas práticos. Os que só querem fazer, mas não têm conhecimento e habilidade, não passam de apaixonados, de meros sonhadores. Para ser completo o ensino-aprendizagem, há de contemplar os três itens “Saber”, “Saber fazer”, “Querer fazer”.
EVOLUÇÃO PLANETÁRIA
Como introdução ao tema relativo à necessidade de evolução planetária e consequente evolução espiritual – via reencarnação – temos que considerar as escalas do desenvolvimento da inteligência e do sentimento humanos, o que se traduz em marcantes vindasà Terra de Espíritos de luz maior, que vêm agir como mestres e construtores do viver positivamente. Esses Espíritos são os expoentes máximos de cada época, os que marcam posição e são apontados pela maioria dos povos como o centro do Conhecimento e da Cultura. Deles emanam todas as invenções, os sistemas de governo, as tecnologias, que determinam as possibilidades de construção e evolução social. Muitos passam pela Terra somente uma ou poucas vezes, muitos não têm nenhuma necessidade de aqui voltar, a não ser em casos de missões especialíssimas.
Grandes exemplos são Jesus, Paulo, Miguel Ângelo, Da Vinci...
Nas Américas, não tivemos, até agora, nenhum escultor que tenha sido igual ou melhor que o Aleijadinho. Aceito como reencarnação de Miguel Ângelo, nem antes, nem depois superado por qualquer artista da escultura religiosa, referência perfeitamente cabível também ao nosso contemporâneo Oscar Niemeyer, também nunca superado. São Espíritos que dominam o “Saber” e o ”Saber fazer”, como nenhum outro foi capaz.
EXPOENTES MÁXIMOS
Criado e dirigido por Deus, “a Causa primária de todas as coisas”, o Universo é, pelo raciocínio mais simples, um conjunto de Espírito e Matéria. Quando Jesus disse “Meu reino não é deste mundo’, foi bem claro sobre a existências de duas situações, uma invisível e outra visível, uma primária e outra secundária. Também quando colocou no Pai Nosso a expressão
“... assim na Terra como no Céu”
foi mais que uma informação da dualidade, dos planos espiritual e material.
Verbo da Criação, Senhor Supremo do Universo, Deus - em cujas mãos conservam as rédeas diretoras da vida em todas as coletividades planetárias – põe e dispõe as suas equipes angélicas e perfeitas, verdadeiras intérpretes divinas, para criar e organizar a vida, onde quer que ela possa existir. Podemos dar, entre muitos nomes, a de Divino Amor, Inteligência Suprema, de Forças Divinas, Falanges da Luz, Emissários do Bem, Comunidade de Espíritos Puros, Ministério de Deus. Assim, luminosos Espíritos sempre zelaram pelo desenvolvimento da inteligência e dos sentimentos humanos, tudo maravilhosamente orientado, de acordo com os desígnios da Divina Misericórdia.
Nosso planeta, já com a experiência de milhões e milhões de anos, teve e tem inúmeras fases, muitas delas com diferenças de níveis, hierarquizadas ou seriadas como em nossas escolas. Sempre que importante, Deus nos envia um Emissário de elevada capacidade, ou uma equipe de emissários, para produzir mudanças, fazer ajustes, definir os rumos do progresso e da evolução.
A seguir, de forma sucinta, os nomes de alguns Espíritos superiores que aqui chegaram para produzir transformações sociais, políticas, filosóficas, científicas e culturais, tanto no relativo à Geografia como à História. Alguns cumpriram missões completas, outros voltaram ao Mundo Espiritual, deixando para trás algum tipo de engano ou fracasso, motivados por erros ou mesmo por falha na missão proposta. Dentre muitos missionários enviados à Terra com missões definidas, podem ser citados, com agradecimentos aos céus, os mais notáveis e mais reconhecidos pelas culturas de todas as épocas.
MOISÉS
Moisés, tradicionalmente traduzido como “tirado das águas”, foi líder religioso, legislador e profeta, a quem é tradicionalmente atribuída autoria da Torá. É uma das figuras mais importantes do Judaísmo e do Cristianismo, e igualmente reconhecido pelo Islamismo, assim como em outras religiões. Foi o grande libertador dos Hebreus, tido por eles como seu principal legislador.
Segundo a tradição judaico-cristã, Moisés realizou muitos feitos, alguns até considerados como milagres. Libertou o povo de Israel da escravidão no antigo Egito, guiando-o através de um êxodo pelo deserto durante quarenta anos, que se iniciou através da famosa passagem em que abre o Mar Vermelho, para possibilitar a travessia segura dos filhos de Israel.
Alguns historiadores acreditam que o período que Moisés passou entre os Egípcios serviu para que aprendesse o conceito do “monoteísmo”, criado pelo Faraó Aquenáton (r. 1352-1338 a.C.), um revolucionário que reinou antes do tempo de Moisés, levando tal conceito ao povo hebreu.
Segundo o Livro do Êxodo, Moisés foi adotado pela filha do faraó, que o encontrou enquanto se banhava no rio Nilo e o educou na corte como um príncipe do Egito. Aos quarenta anos (1552 a.C.), após ter matado um feitor egípcio levado por uma justa cólera, é obrigado a partir para exílio, a fim de escapar à pena de morte. Fixa-se na região montanhosa de Midiã, situada a leste do Golfo de Acaba. Por lá, acabou casando-se com Zípora e com ela teve dois filhos, Gérson e Eliézer.
Quarenta anos depois (1512 a.C.), no Monte de Horebe, ele depara-se com uma sarça ardente que queimava, mas não se consumia, e assim é finalmente “comissionado pelo Deus de Abraão” como o “Libertador de Israel”.
Entre os muitos feitos, Moisés conduziu seu povo até ao limiar de Canaã, a Terra Prometida, cerca de seiscentos mil homens a pé – somente homens, sem contar suas famílias, compostas de mulheres e crianças (Êxodo 12,37). Fez acontecer a abertura daságuas do Mar Vermelho, para que os hebreus, por terra seca, fugissem dos egípcios, os quais, tentando o mesmo, acabaram se afogando com carros e armamentos do exército.
Logo no início da jornada, no Monte de Horebe, na Península do Sinai, Moisés recebeu as Tábuas dos Dez Mandamentos, escritos “pelo dedo de Deus”. As tábuas foram guardadas na Arca do Concerto. Depois, o código de leis é ampliado para cerca de seiscentas leis. É comumente chamado de Lei Mosaica.
Durante quarenta anos (1550 a.C. e 1510 a.C.), conduziu o povo de Israel na peregrinação pelo deserto. Moisés morre aos 120 anos, após contemplar a terra de Canaã, no alto do Monte Nebo, na Planície de Moabe. Josué, o chefe militar, sucede-lhe como líder, chefiando a conquista de territórios da Transjordânia e de Canaã. Sua doutrina de “olho por olho, dente por dente”, que nos parece hoje uma violência, era para o seu tempo a de maior equidade, a justiça da indenização pelo mesmo objeto ou pelo mesmo valor, quando o normal era a vingança desproporcional. O assassinato de uma pessoa provocava a mortandade, às vezes, de uma família inteira.
No Espiritismo, Moisés representa a Primeira Revelação, seguida da Segunda (Jesus) e da Terceira (Doutrina Espírita).
João 14:18
PÉRICLES
Péricles foi uma das mais importantes figuras da história da Grécia antiga, paraíso do conhecimento, da cultura, da beleza e da organização (495/492 a.C. a 429 a.C.). Cercado de glória, foi um célebre e influente estadista, orador e estratego (general), um dos principais líderes democráticos de Atenas e a maior personalidade política do século V a.C. Viveu durante a Era de Ouro de Atenas.
Péricles teve uma influência tão profunda na sociedade ateniense que Tucídides, um historiador contemporâneo seu, o declarou “o primeiro cidadão de Atenas”. Ele transformou a Liga Délia num verdadeiro império ateniense. Promoveu as artes e a literatura, num período em que Atenas tinha a reputação de ser o centro educacional e cultural do mundo. Iniciou um ambicioso projeto que construiu a maior parte das estruturas que ainda existem na Acrópole de Atenas, que incluía os Propiléus, o Partenon e a estátua dourada de Atena, esculpida por seu amigo pessoal, Fídias. Este projeto foi responsável por embelezar a cidade, exibir a sua glória e dar emprego à população. Péricles também estimulou a democracia ateniense, a tal ponto que seus críticos o chamaram de populista.
A nobreza e a riqueza de sua família permitiram-lhe dar sequência a esta sua inclinação para a educação. Aprendeu música com os mestres de seu tempo (Dámon ou Pitóclides podem ter sido seus professores) e é considerado o primeiro político a atribuir grande importância à filosofia. Apreciava a companhia dos filósofos Protágoras, Zenão de Eleia e Anaxágoras. Este último, em especial, tornou-se um grande amigo seu, e o influenciou enormemente. Sua maneira de pensar e seu carisma retórico podem ter sido em parte frutos da ênfase dada por Anaxágorasà calma emocional diante dos problemas, e de seu ceticismo a respeito dos fenômenos divinos, Sua célebre calma e auto-controle também são vistos como advindos desta influência do filósofo.
O legado mais visível de Péricles pode ser encontrado nas obras artísticas e literárias da Era de Ouro, das quais a maior parte sobreviveram até os dias de hoje. A Acrópole, embora em ruínas, ainda está de pé e é um símbolo da Atenas moderna. Para Paparrigopoulos, estas obras-primas são “suficientes para tornar o nome da Grécia imortal em nosso mundo.”
Péricles é louvado como “o tipo ideal de estadista perfeito. Sua Oração Fúnebre é sinônimo, nos dias de hoje, da luta pela democracia participativa e do orgulho cívico. Péricles foi tão importante, teve um governo tão grandioso, que o seu tempo ficou enaltecido como O Século de Péricles.
AUGUSTO
Antes chamado Caio Otávio, Augusto (63 a.C. a 14 d.C.) foi o real fundador do Império Romano e seu primeiro imperador, quando iniciou uma era de relativa paz conhecida como Pax Romana. Ele aumentou sobremaneira o império, anexando Egito, Dalmácia, Panônia, Nórica e Récia, expandindo as possessões da África e Germânia e completando a conquista da Hispânia.
Carreira mais do que brilhante a de Augusto. Em 16 de janeiro de 27 a.C., o senado concedeu-lhe os títulos de augusto e príncipe. Augusto, da palavra latina augure (“aumentar”), pode ser traduzido como “o mais ilustre”, e era mais um título de autoridade religiosa que política. De acordo com as crenças religiosas romanas, o título simbolizava uma marca de autoridade sobre a humanidade – e na verdade a natureza – que ia além de qualquer definição constitucional de seu estatuto.
Augusto também se designava como “Imperador César, filho do Divino”. Com este título, vangloriava-se de sua ligação familiar com o deificado Júlio César, e o uso de “imperador” significava uma ligação permanente com a tradição romana de vitória. A palavra “César” foi meramente um cognome para um ramo da família juliana, embora Augusto tenha transformado“César” em uma nova linha familiar iniciada com ele.
A Augusto também foi garantido o poder vitalício de um tribuno (tribunicia potestas), cabendo também a ele decidir a assunção dos poderes totais da magistratura para toda a perpetuidade. Legalmente tal poder era fechado para patrícios, um estatuto que ele adquiriu anos antes, quando adotado por Júlio César.
Foi de Augusto a reforma do sistema romano de tributação, a construção de estradas com um sistema de correio oficial, o estabelecimento de um exército permanente e a guarda pretoriana. Ele criou serviços oficiais de policiais e bombeiros para Roma e reconstruiu grande parte da cidade durante seu reinado.
No período de Augusto, a literatura prosperou enormemente no mundo romano. Em torno de Caio Mecenas, formou-se um círculo que promoveu Virgílio e Horácio, enquanto outro formouse em torno de Marco Valério Corvino e promoveu Ovídio e Tíbulo. Além deles, autores como Marco Vérrio Flaco, Propércio, Tito Lívio e Higino também estiveram bastante ativos.
O mês de agosto (em latim: Augustus) foi nomeado, com 31 dias, em honra a Augusto. Para honra e glória e para marcar toda importância, hoje seu tempo é chamado de O Século de Augusto.
ALEXANDRE
Alexandre viveu entre 356 a.C. a 323 a.C.). Comumente conhecido como Alexandre, o Grande ou Alexandre Magno, foi rei da Macedônia e membro da dinastia argéada. Nascido em Pela em 356 a.C., o jovem príncipe, com vinte anos de idade, sucedeu a seu pai, o rei Filipe II.
Passou a maior parte de seus anos no poder em uma série de campanhas militares sem precedentes através da Ásia e nordeste da África. Apenas com trinta anos, já havia criado um dos maiores impérios do mundo antigo, que se estendia da Grécia para o Egito e ao noroeste da Índia. Morreu invicto em batalhas e é considerado um dos comandantes militares mais bem sucedidos da História.
Quando Alexandre tinha dez anos, um comerciante da Tessália trouxe um cavalo a Filipe, que procurou vender por treze talentos. O cavalo se recusava a ser montado e Filipe o dispensou. Alexandre, contudo, percebendo que o cavalo parecia ter medo da própria sombra, afirmou que poderia domar o animal, o que posteriormente conseguiu. Plutarco afirmou que Filipe ficou exacerbado pela coragem e ambição do filho, o beijou firmemente e declarou: “Meu filho, você deve encontrar um reino grande o suficiente para a sua ambição. A Macedônia é pequena demais
para você”. Ele acabou comprando o cavalo para o garoto.[11] Alexandre deu ao animal o nome Bucéfalo, que significa “cabeça de boi”. Bucéfalo tornou-se o cavalo principal de Alexandre, acompanhando-o até suas campanhas na Índia.
Quando Alexandre tinha treze anos, Filipe escolheu como seu mestre, o filósofo e educador Aristóteles e lhe ofereceu o Templo das Ninfas, em Mieza, para ser usado como sala de aula. Em retorno por educar seu filho, Filipe concordou em reconstruir a cidade natal de Aristóteles, Estagira, que o próprio Filipe havia destruído.
Herdando de seu pai um reino forte e um exército experiente, em 334 a.C., invadiu o Império Aquemênida, governando a Ásia Menor, e começou uma série de campanhas que durou dez anos. Quebrou o poder da Pérsia em uma série de batalhas decisivas, mais notavelmente as batalhas de Isso e Gaugamela. Em seguida, derrubou o rei persa Dario III e conquistou a Pérsia em sua totalidade. Nesse ponto, seu império se estendia do mar Adriático ao rio Indo.
Buscando alcançar os “confins do mundo e do Grande Mar Exterior”, invadiu a Índia em 326 a.C., mas foi forçado a voltar pela demanda de suas tropas. Com apenas 32 anos de idade, Alexandre morreu na Babilônia em 323 a.C., a cidade que planejava estabelecer como sua capital. Sem executar uma série de campanhas planejadas que teria começado com uma invasão da Arábia.
Aristóteles ensinou a Alexandre e seus companheiros sobre medicina, filosofia, moral, religião, lógica e arte. Sob sua tutela,Alexandre desenvolveu muito interesse pelo autor Homero, em particular com a obra Ilíada; Aristóteles lhe deu uma cópia deste livro, que Alexandre levava em suas campanhas.
Seu legado inclui a difusão cultural que suas conquistas geraram, como o greco-budismo. Fundou cerca de vinte cidades que levavam o seu nome, principalmente Alexandria, no Egito. Seus assentamentos de colonos gregos e a propagação resultante da cultura grega no leste resultou em uma nova civilização helenística, aspectos que ainda eram evidentes nas tradições do Império Bizantino em meados do século XV e a presença de oradores gregos na região central e noroeste da Anatólia até a década de 1920.
Alexandre se tornou lendário como um herói clássico no molde de Aquiles, e aparecendo com destaque na história e mito grego e culturas não gregas. Tornou-se a medida contra a qual os líderes militares se compararam, e academias militares em todo o mundo ainda ensinam suas táticas. É muitas vezes classificado entre as pessoas mais influentes do mundo em todos os tempos, junto com seu professor Aristóteles.
Morrendo tão novo, aos 32 anos, não pôde cumprir sua missão em toda a sua inteireza. O Mundo Espiritual havia reservado a ele uma tarefa civilizatória bem maior, além da sua fabulosa capacidade militar. De novo, teve que se preparar para novos desempenhos de modo a permitir ao mundo uma situação tanto de cultura como de paz.
JESUS
O ponto mais alto das decisões divinas para o nosso Planeta. Jesus o espírito mais perfeito, de maior luz, é o protótipo do bem e da paz. Nenhuma falha em qualquer momento da vida espiritual, só progresso, com o mais puro atendimento a todas as diretivas do Criador. A vinda de Jesus à Terra como o Renovo, o Messias, o Paráclito, o Salvador, o Cristo, constituiu marca de tempo, no antes e no depois. Seu nascimento muda o calendário em nova fase, o ano zero. Até agora, 2018 Natais comemorados, incluindo o momento de sua vinda numa estrebaria humildade de Belém, prevista desde Isaias, (11: 1-9), quando ficou registrado “Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor.
Nos tempos que vieram depois, muitos profetas descreveram traços ou circunstâncias da personalidade do Messias: “Ele descenderá de Isaac (Gn 26: 4), de Jacó (Gn 28: 14), da tribo de Judá (Gn 49: 8), da família de Davi (Jr 23: 5; 33: 15), Ele nascerá de uma virgem (Is 7: 14)”. Foram dezenas de indicações no Velho
Testamento, a última em Malaquias (4:5), quando é oferecida dupla informação sobre Ele, Jesus, e a volta de Elias/João Batista (Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor), profecia confirmada em Mateus 17:10- 12 (Transfiguração), com uma importantíssima referência à reencarnação de Elias: “Então entenderam os discípulos que lhes falara de João o Batista” (17:13).
Infância, primeira ida ao Templo, quando discutiu com os doutores, levando a melhor. Os anos de carpintaria com o padrasto José, o encontro com o primo predecessor, João Batista, para o mergulho nas águas do Rio Jordão, quando ocorreu o anúncio em voz direta – das muitas alturas - de que Ele era o Filho Amado. Pouco depois, no Lago de Genesaré, o início da escolha dos discípulos, ao todo 72, para uma redução posterior a 12, número sempre mantido no seu colégio apostólico. As Bodas de Caná, as idas ao Templo, as viagens, as curas, as desobsessões, as ressurreições, o Sermão do Monte, o enfrentamento a fanáticos do radicalismo religioso, o processo judaico-romano, a despedida final com o perdão aos que não sabem do que fazem e o suspiro final na cruz do Gólgota. Pouco tempo depois, o reaparecimentoàs mulheres que o buscavam no sepulcro, a conversa com os viajantes no caminho do Emaús, o encontro com os discípulos, entre eles Tomé, que verificou suas feridas materializadas.
Muito importante para a fé, o episódio quase à entrada de Damasco, a histórica maior aquisição intelectual, a conversão e aceitação de Saulo de Tarso, seu duro e competente arquiadversário, de Jerusalém. Em Damasco, na Rua Direita, a mensagem a Ananias para a cura e a iniciação de Saulo, que se transforma em Paulo, o maior e mais importante divulgador do “Caminho”, que mais tarde passa a ser o Cristianismo.
Jesus é realmente o Caminho, a Verdade e a Vida!
PAULO DE TARSO
Paulo (5 a 67) judeu com cidadania romana, nascido em Tarso, foi criado em Jerusalém, “aos pés de Gamaliel, que é considerado um dos maiores professores nos anais do judaísmo”. Inteligência máxima, versátil na oratória, poderoso no pensar e no agir, era e se considerava líder máximo em conhecimento bíblico e disposições da Lei judaica. Em momento algum, dava tranquilidade aos que não o seguiam e dedicava-se, em tempo integral, à perseguição dos discípulos de Jesus. Em Jerusalém ou em qualquer outra parte do mundo judaico.
Em uma viagem de Jerusalém a Damasco, com cartas do Sumo Sacerdote autorizando-o a sacrificar cristãos, Saulo caiu do cavalo quando ouviu trovões e viu relâmpagos, e teve uma visão de Jesus envolto em total luminosidade. Ouvindo, vendo e dialogando, marcou naquele momento a sua grande fibra como pessoa de caráter e decisão, cena descrita em Atos 22:10: “Senhor, o que devo fazer?”. Já começou pedindo trabalho, porque não era homem de perder tempo.
Tornou-se apóstolo de Jesus e o maior promotor do Cristianismo. Foi um dos mais influentes escritores do Cristianismo primitivo, com obras que compõem parte significativa do Novo Testamento. É, sem qualquer dúvida, a principal figura do Cristianismo em todos os tempos.
Em Atos, relatam-se três viagens de Paulo: a primeira, liderada primeiro por Barnabé, levou-o de Antioquia até Chipre, passando depois pela Ásia Menor (Anatólia). Partiu para sua segunda viagem, quando por volta de 50 a 52, passou 18 meses em Corinto, onde reencontrou Timóteo e Silas. Na terceira viagem, passou por toda a região da Galácia e da Frígia para reforçar a fé e ensinar para os fiéis. Houve ainda uma quarta viagem: preso e convencido de que não receberia julgamento justo em Jerusalém, apelou a César, por direito como cidadão romano, e foi transferido para Roma. Na cidade eterna, foram seus últimos momentos de vida terrena. Nem a Bíblia, nem outra história qualquer conta explicitamente como ou quando Paulo morreu. De acordo com a tradição, Paulo foi decapitado em Roma durante o reinado do imperador Nero em meados dos anos 60.
O livro Paulo e Estevão, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, sempre foi considerado a melhor entre mais de mil biografias do apóstolo.
CARLOS MAGNO
Carlos Magno (742 a 814), é o mais ilustre representante dos soberanos da dinastia carolíngia, à qual deu o seu nome. Neto de Carlos Martel, é filho de Pepino, o Breve e de Berta de Laon dita a “Grande Pia”. Foi o primeiro Imperador do Sacro Império Romano governando a partir de 774. A denominação dinastia Carolíngia, que pelos sete séculos seguintes dominaram a Europa. Seu reino incluía os territórios solidamente mantidos pelos Francos: Austrásia, Nêustria, Borgonha, Provença, Alemânia, e os territórios semiautónomos: a Aquitânia (com a Gasconha e a Septimânia), a Baviera e a Frísia. Por meio das suas conquistas no estrangeiro e de suas reformas internas, Carlos Magno, criador de um império que incluiria a atual França e Alemanha, ajudou a definir a Europa Ocidental e a Idade Média.
Soberano reformador, preocupado com a ortodoxia religiosa, protegeu também as artes e as letras. É creditada a Carlos Magnos a grande mudança na arte de governar, com uma visão de valorizar o patrimônio intelectual e a presença constante da Cultura. Carlos Magno é o mais importante nome de governante em um período de mais de mil anos.
MIGUEL ÂNGELO
Michelangelo ou, na forma aportuguesada Miguel Ângelo, foi pintor, escultor, poeta e arquiteto florentino, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente. Desenvolveu o seu trabalho artístico por mais de setenta anos entre Florença e Roma, onde viveram seus grandes mecenas, a família Médici de Florença, e vários papas romanos.
Fixado em Roma, deixou aí a maior parte de suas obras mais representativas. Sua carreira se desenvolveu na transição do Renascimento para o Maneirismo, e seu estilo sintetizou influências da arte da Antiguidade clássica, do primeiro Renas-cimento, dos ideais do Humanismo e do Neoplatonismo, centra-do na representação da figura humana e em especial em nus masculinos, que retratou com enorme pujança.
Várias de suas criações estão entre as mais célebres da arte do ocidente, destacando-se na escultura o Baco, a Pietà, o David, as duas tumbas Médici e o Moisés; na pintura o vasto ciclo do teto da Capela Sistina e o Juízo Final no mesmo local, e dois afrescos na Capela Paulina. Arquiteto da Basílica de São Pedro, implementou grandes reformas em sua estrutura, desenhou a cúpula, remodelou a praça do Capitólio e projetou diversos edifícios. Escreveu grande número de poesias. Ainda em vida foi considerado o maior artista de seu tempo, louvor que continua tendo ao longo dos séculos.
Para a posteridade, Michelangelo permanece como um dos poucos artistas que foram capazes de expressar a experiência do belo, do trágico e do sublime numa dimensão cósmica e universal.
Aumentando o grau de colaboração à Fé e à Cultura, a Inteligência Suprema determina nova experiência vivencial de Michelangelo, agora em Minas Gerais, centro da arte barroca brasileira, quando se reencarnou como Antônio Francisco Lisboa, o nosso Aleijadinho, sem qualquer dúvida, o maior escultor em meio milênio de história das três Américas.
LEONARDO DA VINCI
Leonardo da Vinci (1452 a 1519), foi uma das figuras mais importantes do Renascimento, que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. É ainda conhecido como o percursor da aviação e da balística. Foi frequentemente descrito como o arquétipo do homem renascentista, considerado um dos maiores pintores de todos os tempos, pessoa dotada dos talentos mais diversos a ter vivido.
Segundo a historiadora de arte Helen Gardner, a profun-didade e o alcance de seus interesses não tiveram precedentes e sua mente e personalidade parecem sobre-humanos. Leonardo foi educado no ateliê do renomado pintor florentino, Verrocchio. Passou a maior parte do início de sua vida profissional a serviço de Ludovico Sforza em Milão. Trabalhou posteriormente em Veneza, Roma e Bolonha, e passou seus últimos dias na França, numa casa que lhe foi presenteada pelo rei Francisco I.
Duas de suas obras, a Mona Lisa e A Última Ceia, estão entre as pinturas mais famosas, mais reproduzidas e mais parodiadas de todos os tempos. Seus cadernos de anotações — que contêm desenhos, diagramas científicos, e seus pensamentos sobre a natureza da pintura — formam uma contribuição às futuras gerações de artistas, que só pode ser rivalizada à de seu contemporâneo, Michelangelo.
Leonardo é reverenciado pela sua engenhosidade tecnológica. Concebeu ideias muito à frente de seu tempo, como um protótipo de helicóptero, um tanque de guerra, o uso da energia solar, uma calculadora, o casco duplo nas embarcações, e uma teoria rudimentar das placas tectônicas. Como cientista, foi responsável pelo grande avanço do conhecimento nos campos da anatomia, da engenharia civil, da óptica e da hidrodinâmica.
Leonardo da Vinci é considerado por vários o maior gênio da história.
CAMÕES
Luís Vaz de Camões, natural de Lisboa (1524 a 1580) foi um poeta nacional, considerado uma das maiores figuras da literatura portuguesa e um dos grandes poetas da tradição ocidental. Recebeu uma sólida educação nos moldes clássicos, dominando o latim e conhecendo a literatura e a história antigas e modernas.
Pode ter estudado na Universidade de Coimbra, mas a sua passagem pela escola não é documentada. Frequentou a corte de D. João III, iniciou a sua carreira como poeta lírico e envolveu-se, como narra a tradição, em amores com damas da nobreza e possivelmente plebeias, além de levar uma vida boêmia e turbulenta. Diz-se que, por conta de um amor frustrado, autoexilou-se em África, alistado como militar, onde perdeu um olho em batalha.
No Oriente, onde passou vários anos enfrentando uma série de adversidades, combateu ao lado das forças portuguesas e escreveu a sua obra mais conhecida, Os Lusíadas, mais tarde publicado em Portugal.
Camões foi um renovador da língua portuguesa e fixoulhe um duradouro cânone; tornou-se um dos mais fortes símbolos de identidade da sua pátria e é uma referência para toda a comunidade lusófona internacional. Hoje a sua fama está solidamente estabelecida e é considerado um dos grandes vultos literários da tradição ocidental, sendo traduzido para várias línguas e tornando-se objeto de uma vasta quantidade de estudos
críticos.
SHAKESPEARE
William Shakespeare (1564 a 1616) foi um poeta, dramaturgo e ator inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo. De suas obras, restaram até os dias de hoje 38 peças, 154 sonetos, dois longos poemas narrativos, e mais alguns versos esparsos. Suas peças foram traduzidas para todas as principais línguas modernas e são mais encenadas que as de qualquer outro dramaturgo. Muitos de seus textos e temas permanecem vivos até os nossos dias, sendo revisitados com frequência, especialmente no teatro, na televisão, no cinema e na literatura. Shakespeare produziu a maior parte de sua obra entre 1590 e 1613. Suas primeiras peças eram principalmente comédias e obras baseadas em eventos e personagens históricos, gêneros que ele levou ao ápice da sofisticação e do talento artístico ao fim do século XVI. A partir de então escreveu apenas tragédias até por volta de 1608, incluindo Hamlet, Rei Lear e Macbeth, consideradas algumas das obras mais importantes na língua inglesa.
Shakespeare foi um poeta e dramaturgo respeitado em sua própria época, mas sua reputação só viria a atingir o nível em que se encontra hoje no século XIX. Sua obra foi adotada e redescoberta repetidamente por novos movimentos, tanto na academia e quanto na performance. Suas peças permanecem extremamente populares hoje em dia e são estudadas, encenadas e reinterpretadas constantemente, em diversos contextos culturais e políticos, por todo o mundo.
WASHINGTON
George Washington (1732 a 1799) foi o primeiro Presidente dos Estados Unidos (1789-1797), o comandante ex-chefe do Exército Continental durante a Guerra da Independência dos Estados Unidos, e um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos. Presidiu à convenção que elaborou a Constituição, a qual veio substituir os Artigos da Confederação e estabelecer a posição de Presidente.
Escolhido pelo Segundo Congresso Continental, em 1775, para o posto de comandante-em-chefe do Exército Continental na Guerra da Independência. Os historiadores elogiam Washington pela sua supervisão e seleção dos seus generais, reforço do moral e coesão do exército, coordenação com os governadores estaduais e com as unidades das milícias, relações com o Congresso e atenção aos abastecimentos, logística e formação.
Supervisionou a criação de um governo forte e rico que manteve a neutralidade face às guerras na Europa, fez cessar as revoltas e obteve a aceitação entre todos os americanos. O seu estilo de liderança estabeleceu várias características de governar que, desde então, têm sido adotadas. Washington foi celebrado como “Pai da Nação” ainda durante a sua vida.
O discurso de despedida de Washington foi um apelo ao civismo e um aviso contra o partidarismo e envolvimento em conflitos externos. Retirou-se da presidência em 1797, regressandoà sua residência em Mount Vernon e à sua vida doméstica para gerir vários projetos. O seu testamento incluiu a libertação de todos os seus escravos.
Washington tinha a visão de uma grande e poderosa nação construída sobre bases republicanas, utilizando o poder federal. Procurou utilizar o governo nacional para preservar a liberdade, melhorar as infraestruturas, abrir caminho para as terras a oeste, promover o comércio, estabelecer uma capital permanente, reduzir as tensões regionais, e incentivar um espírito nacionalista americano.
Quando morreu, Washington foi elogiado como “primeiro na guerra, primeiro na paz e primeiro nos corações dos seus compatriotas. Líder da primeira revolução bem-sucedida na história contra um império colonial, Washington tornou-se umícone internacional de libertação e nacionalismo.
JEFFERSON
Thomas Jefferson (1743 a 1826) foi o terceiro presidente dos Estados Unidos (1801-1809), é o principal autor da declaração de independência (1776). Foi um dos mais influentes Founding Fathers (os “Pais Fundadores” da nação), conhecido pela sua promoção dos ideais do republicanismo.
Como filósofo e político, Jefferson foi um homem do Iluminismo, que conheceu diversos grandes líderes intelectuais da Grã-Bretanha e da França. Apoiando a separação entre Igreja e Estado, foi o autor do e co-fundador e líder do Partido Democrata-Republicano, Serviu como governador da Virgínia durante um período de guerra (1779-1781), foi o primeiro secretário de Estado dos Esta-dos Unidos (1789-1793) e segundo vice-presidente dos Estados Unidos (1797-1801).
Destacou, entre outras coisas, como horticultor, líder político, arquiteto, arqueólogo, paleontólogo, músico, inventor e fundador da Universidade da Virgínia. Jefferson foi regularmente classificado pelo meio acadêmico como um dos maiores presidentes americanos. A sua casa, em Virgínia, que ele próprio desenhou, foi em Monticello, perto de Charlottesville, tendo sido equipada com portas automáticas e outros dispositivos convenientes inventados pelo próprio Jefferson.
Os interesses de Jefferson incluem a arqueologia, uma disciplina que estava então na sua infância. Ele foi por vezes chamado de “pai da arqueologia”, em reconhecimento pelo seu papel no desenvolvimento de técnicas de escavação, por forma, a que se pudesse caminhar para dentro, observar as camadas de ocupação e tirar conclusões delas.
Jefferson era um grande crente na singularidade e do enorme potencial dos Estados Unidos, sendo frequentemente citado como um precursor do excepcionalismo americano.
O seu retrato aparece na nota de dois dólares e na moeda de cinco cêntimos. Thomas Jefferson foi enterrado na sua propriedade, em Monticello. No epitáfio, escrito por ele próprio, com a exigência de que apenas as suas palavras e nem uma outra mais sejam inscritas. Lê-se: “Aqui jaz Thomas Jefferson, autor da declaração da independência americana, da lei da liberdade religiosa da Virgínia e pai da Universidade da Virgínia” .
NAPOLEÃO
Napoleão Bonaparte (1769-1821), foi comandante do Exército, imperador e líder político francês. Sua reforma legal, o Código Napoleônico, teve uma grande influência na legislação de vários países. Através das guerras napoleônicas, Napoleão conquistou uma grande extensão territorial para a França. Ainda é o mais conhecido governante da história do seu país. Foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa sobre maior parte da Europa.
Seu passado de relativa nobreza e suas conexões familiares permitiram que ele tivesse boas oportunidades de educação, acima da média da época para a região. Em janeiro de 1779, Napoleão estava matriculado em uma escola religiosa em Autun, para aprender francês, e em maio entrou na academia militar em Brienne-le-Château. Falava com um sotaque corso e nunca aprendeu a soletrar corretamente. Foi provocado por outros estudantes por causa de seu sotaque e começou a se dedicar à prática da leitura. Ele era notavelmente dedicado em matemática, e também muito familiarizado a história e geografia.
Ao completar seus estudos em Brienne, em 1784, Napoleão entrou para a Escola Militar de Paris, e ainda que sempre tenha se interessado, a princípio, em uma formação naval, acabou estudando para se tornar oficial de artilharia. Aos 16 anos de idade já era subtenente de artilharia. Em 1789, viveu o início a Revolução Francesa, que levou a França a passar por profundas modificações políticas, sociais e econômicas.
Em 9 de novembro de 1799, Napoleão é nomeado Primeiro Cônsul, e depois Cônsul Vitalício. Em 1804, Imperador da França, conquistou a Itália, os Países Baixos, a Polônia e vários principados da Alemanha.
Durante o período do governo de Napoleão, ocorreu uma recuperação econômica, jurídica e administrativa na França: na Economia, criou-se o Banco da França, em 1800, regulando-se a emissão de moedas, reduzindo-se a inflação; na Religião, com o objetivo de usar a religião como instrumento de poder político, Napoleão assinou um acordo, a Concordata de 1801, entre a Igreja Católica e o Estado.
No Direito, estabeleceu-se o Código Napoleônico, um Código Civil, em 1804, representando em grande parte os interesses da população e burguesia, como casamento civil (separado do religioso), respeito à propriedade privada, direito à liberdade individual e igualdade de todos ante a lei. Napoleão também instituiu em 1809 um código penal, que vigorou até 1994.
Na Educação, reorganizou-se o ensino, que era baseado nos ideiais iluministas. Também Reconheceu-se a educação pública como meio importante de formação das pessoas, principalmente nos aspectos do comportamento moral, político e social.
Realizou-se uma festa em 2 de dezembro de 1804 para se formalizar a coroação do agora Napoleão I na catedral de Notre-Dame. Um dos momentos mais notórios da História ocorreu nesta noite, onde, com um ato surpreendente, Napoleão I retirou a coroa das mãos do Papa Pio VII, que viajara especialmente para a cerimônia, e ele mesmo se coroou, numa postura para deixar claro que não toleraria autoridade alguma superior à dele. Logo após também coroou sua esposa, a imperatriz Josefina.
Seus restos mortais encontram-se no Conjunto Histórico Les Invalides, em Paris. Cabia a Napoleão a tarefa de mudar o Mundo para melhor, unificando povos, reunindo países, civilizando e aumentando os conhecimentos e culturas. Era esperança da Direção Celestial para novos momentos de paz e bom entendimento entre os povos. Como a sua forma de progredir e permitir progresso foi a da espada, dos canhões e da guerra, não conseguiu realizar tudo que foi projetado espiritualmente. E aí criou a necessidade do envio imediato - ainda na vigência da sua vida terrena - de outro espirito de escol, ainda mais preparado, para realizar todo trabalho que ele não conseguira fazer. Não era possível perder mais tempo.
ALLAN KARDEC
Hippolyte Léon Denizard Rivail, francês de Lyon, (1804 a 1869) foi um influente educador, autor e tradutor francês. Sob o pseudônimo de Allan Kardec notabilizou-se como o codificado do Espiritismo (neologismo por ele criado), também denominado de Doutrina Espírita. Foi discípulo do reformador educacional Johann Heinrich Pestalozzi e um dos pioneiros na pesquisa científica sobre fenômenos paranormais, notoriamente conhecido como mediunidade. Adotou o seu pseudônimo para uma diferenciação da Codificação Espírita em relação aos seus anteriores trabalhos pedagógicos.
Nascido numa antiga família de orientação católica com tradição na magistratura e na advocacia, desde cedo manifestou propensão para o estudo das ciências e da filosofia. Fez os seus estudos na Escola de Pestalozzi, no Castelo de Yverdon, em Yverdon-les-Bains, na Suíça (país protestante), tornando-se um dos seus mais distintos discípulos e ativo propagador de seu método, que tão grande influência teve na reforma do ensino na França e na Alemanha.
Aos quatorze anos de idade já ensinava aos seus colegas menos adiantados e substituía na direção da escola o diretor Pestalozzi durante as constantes viagens que este fazia. Aos dezoito, bacharelou-se em Ciências e Letras.
Concluídos os seus estudos, o jovem Rivail retornou ao seu país natal. Profundo conhecedor da língua alemã, traduzia para esse idioma diferentes obras de educação e de moral, com destaque para as obras de François Fénelon, pelas quais manifestava particular atração. Conhecia a fundo os idiomas francês, alemão, inglês e neerlandês, além de dominar perfeitamente os idiomas italiano e espanhol. Isso para não falar dos seus bons conhecimentos do latim e do grego, bases da língua francesa.
Era membro de diversas sociedades acadêmicas, entre as quais o Instituto Histórico de Paris e a Academia Real de Arras; esta última, em concurso promovido em 1831, premiou-lhe uma memória com o tema “Qual o sistema de estudos mais de harmonia com as necessidades da época?”.
A 6 de fevereiro de 1832 desposou Amélie Gabrielle Boudet. Em 1824, retornou a Paris e publicou um plano para aperfeiçoamento do ensino público. Após o ano de 1834, passou a lecionar, publicando diversas obras sobre educação, e tornou-se membro da Real Academia de Ciências Naturais.
Como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público. Entre 1835 e 1840, manteve em sua residência, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia[7] comparada, Astronomia e outros. Nesse período, preocupado com a didática, elaborou um manual de aritmética, que foi adotado por décadas nas escolas francesas, e um quadro mnemônico da História da França, que visou a facilitar ao estudante a memorização das datas dos acontecimentos de maior expressão e as descobertas de cada reinado do país.
As matérias que lecionou como pedagogo foram Química, Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia, Retórica, Anatomia Comparada e Francês.
Conforme o seu próprio depoimento, publicado em Obras Póstumas, foi em 1854 que ouviu falar pela primeira vez do fenômeno das “mesas girantes”, bastante difundido à época, através do seu amigo Fortier, um magnetizador de longa data. Sem dar muita atenção ao relato naquele momento, atribuindo-o somente ao chamado magnetismo animal do qual era estudioso, só em maio de 1855 sua curiosidade se voltou efetivamente para as mesas, quando começou a frequentar reuniões em que tais fenômenos se produziam.
Durante este período, também tomou conhecimento do fenômeno da escrita mediúnica - ou psicografia, e assim passou a se comunicar com os espíritos. Um desses espíritos, conhecido como um “espírito familiar”, passa a orientar os seus trabalhos. Mais tarde, este espírito lhe informa que já o conhecia do tempo das Gálias, com o nome de Allan Kardec. Assim, Rivail passa a adotar este pseudônimo, sob o qual publicou as obras que sintetizam a Doutrina Espírita.
Convencendo-se de que o movimento e as respostas complexas das mesas deviam-se à intervenção de espíritos, Kardec dedicou-se à estruturação de uma proposta de compreensão da realidade baseada na necessidade de integração entre os conhecimentos científicos, filosóficos e moral, com o objetivo de lançar sobre o real um olhar que não negligenciasse nem o imperativo da investigação empírica na construção do conhecimento, nem a dimensão espiritual e interior do homem.
Iniciou a publicação das obras de Codificação em 18 de abril de 1857, quando veio à luz “O Livro dos Espíritos”, considerado como o marco de fundação do Espiritismo, após o lançamento da Revista Espírita (1º de janeiro de 1858), fundou, nesse mesmo ano, a primeira sociedade espírita regularmente constituída, com o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
Allan Kardec passou os anos finais da sua vida dedicadoà divulgação do Espiritismo entre os diversos simpatizantes, e defendê-lo dos opositores através da Revista Espírita ou Jornal de Estudos Psicológicos. Já com cerca de oito milhões de seguidores, faleceu em Paris, a 31 de março de 1869, aos 64 anos de idade, em decorrência da ruptura de um aneurisma, quando trabalhava numa obra sobre as relações entre o Magnetismo e o Espiritismo, ao mesmo tempo em que se preparava para uma mudança de local de trabalho.
Está sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, uma célebre necrópole da capital francesa. Junto ao túmulo, erguido como os dólmens druídicos. Acima de sua tumba, seu lema: “Naître, mourir, renaître encore et progresser sans cesse, telle est la Loi”. (“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei”). Em seu sepultamento, seu amigo, o astrônomo francês Camille Flammarion proferiu o seguinte discurso, ressaltando a sua admiração por aquele que ali baixava ao túmulo.
OUTROS VULTOS IMPORTANTES
Vale lembrar grandes realizadores, cada qual com suas criações, suas iniciativas e seus feitos. Sem desfavor por algum nome omitido, eis um elenco que, em qualquer ângulo de visão histórica, motivou o progresso da humanidade: Sócrates, Platão, Aristóteles, Homero, Júlio César, Marco Aurélio, Lucas, Constantino, Maomé, Sidarta Gautama, Confúcio, Agostinho, Galileu, Copérnico, Gutenberg, Rafael, Colombo, Vasco da Gama, Lutero, Pasteur, Lavoisier, Adam Smith, Marconi, Graham Bell, Einstein, Fleming, Beethoven, Benjamim Franklin, Bolívar, Max Planck, Freud, Rousseau, Henry Ford, Donatello, Boticcelli, Dante, Erasmo, Cervantes,
No Brasil, são importantes os nomes de José Joaquim da Silva Xavier, José Bonifácio, Dom João IX, Dom Pedro I, Dom Pedro II, Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Monteiro Lobato, Coelho Neto, Humberto de Campos, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck, Oscar Niemeyer, Chico Xavier.
Um novo mundo em 1840
Século de efervescência, o XIX, desde o início com grandes avanços, deve-se ressaltar pontos primordiais para o progresso: avanços científicos, ampliação do comércio entre as nações, novas invenções, novas descobertas, a Revolução industrial, novos meios de transportes, urbanização, liberalismo, Iluminismo, abolição da escravatura, melhoria na vida das pessoas, novos valores morais. Entre os maiores acontecimentos, lançamento de dois livros ligados à ciência, à filosofia e ao espiritualismo: O Livro dos Espíritos (1857) e A Origem das Espécies (1859), cada qual com sua direção e seu direcionamento. Especula-se que Charles Darwin, tendo concluído o seu texto há muito tempo, depois da publicação de Kardec em 1857, tomou coragem e se fez presente. A Origem das Espécies divide hoje literalmente o mundo, em confronto com a Gênese bíblica, com a criação de tudo em seis dias, apenas um de descanso. Materialismo versos Criacionismo.
O Livro dos Espíritos é um encaminhamento completo para um novo mundo filosófico, científico e religioso, um mundo de conscientização de comportamentos, da necessidade de esforços evolutivos, da responsabilidade pessoal de cada criatura, além dos indicativos do melhor uso para o livre arbítrio. Melhor ainda: início de comunicação, de intercâmbio entre os mundos espiritual e terreno.
Hydesville 1847
Grande repercussão do fenômeno mediúnico, quando as irmãs Katherine e Margaret Fox, de Hydesville, viveram constantes fenômenos mediúnicos com batidas nas portas e nas paredes de um sobrado velho. Acontecimentos próximos a New York, jamais poderiam ficar ausentes do interesse da mídia, americana e mundial.
Paris 1850
Do estado de New York, foi um passo para o sucesso social das mesas girantes em Paris. Nenhum salão de luxo da capital francesa deixou de conclamar seus sócios grã-finos para o curioso movimento de móveis e cestas, visto como uma agradável ocupação de horas vagas, atendimento de curiosidades, passatempo dos melhores.
PROFº RIVAIL - MAIO DE 1855
Conforme será descrito logo adiante, foi em maio de 1855 o primeiro contato do Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail com o fenômeno mediúnico. Para psicografar, as jovens médiuns usavam uma cesta com um lápis na ponta.
Eram elas Caroline Boudin, 16 anos; Julie Boudin, 14; Celine Japhet, 18; Aline Carlotti, 20; e Ermance Dufaux, 12. Celine Japhet tinha 50 cadernos com mensagens psicografadas. Aline Carlotti, médium de psicografia e psicofonia, era a intermediária do Espírito da Verdade. Para Hydesville e Paris, os fenômenos eram apenas curiosidade. Para o Professor Rivail, a manifestação de personalidades que viveram na Terra: espíritos desencarnados. Real convívio com o Mundo Espiritual e maravilhosa oportunidade de buscar novos e importantíssimos conhecimentos, uma nova era na evolução da humanidade.
Não demorou muito tempo junto às sessões de intercâmbio entre os dois mundos, o espiritual e o físico e o professor Rivail aceita a missão de Codificador. E a aceitando, ele, homem de ciência, excelente pedagogo e didata, inicia a organização dos temas necessários para um conhecimento completo do Mundo Espiritual e de suas interferências no plano terrestre. Cada setor tem que ser minuciosamente planejado. Cada resposta será estudada e comparada com as outras originadas da atividade mediúnica desenvolvida em 15 países da Europa e da América.
Mergulhando profundamente com perguntas de Ciência, Filosofia e Religião, o Professor Rivail completou o conjunto de Leis Espirituais que definiram a Codificação. Já com respostas a todas as perguntas, consultou os Espíritos sobre o nome do livro e a quem atribuir a autoria. Recebeu uma histórica resposta: o nome do Livro: “O Livro dos Espíritos”; o nome do Autor: Allan Kardec. Porque este fora o nome dele, Rivail, em uma vida passada como sacerdote druida, no Norte da França. Um nome perfeitamente sonoro, claro, sucinto, prático, sem problemas de pronúncia em qualquer língua, mais do que tudo, uma marca para jamais ser esquecida. Gostando ou não gostando das duas palavras – Allan Kardec – ninguém fica isento de reconhecê-las, sejam pronunciadas, sejam escritas ou desenhadas. Não é possível desligar o nome Allan Kardec da nova palavra Espiritismo, a nova Doutrina. Não se fala de um sem estar falando do outro, eternamente acoplados.
Com tantas novidades e elevada curiosidade no trato com os espíritos, era natural que Kardec viesse a receber um elevado número de correspondências e consultas. No princípio, tudo era respondido por ele, pessoalmente. Mas aumentada – a cada dia - a quantidade, sendo-lhe quase impossível realizar todo trabalho sozinho, as respostas tiveram que se concentrar em documentoúnico, unificado, ou seja, em Cartas Circulares. Quando as consultas, observações ou simples perguntas passaram de 1.000 por mês, o Professor Rivail só encontrou uma solução: editar uma revista para grande circulação na Europa e nas Américas, a até hoje muito conhecida, a publicada e republicada “Revista Espírita”.
Dado à grande repercussão dos fatos espíritas, as reuniões mediúnicas, passaram a ter também muitas presenças de nobres e intelectuais. Escritores, jornalistas, oradores e poetas, todo mundo interessado. O grande Victor Hugo foi sempre um assíduo frequentador, tornando-se sem demora um espírita convicto. Ressalte-se que os seus textos, com destaque para o espiritual, serviram de base, no Brasil, para o poetar do inesquecível condoreiro Castro Alves, tido por muitos como espírita também, pois leitor constante de romances e compêndios do Espiritismo,
fossem eles publicados em francês ou em português.
Para maior clareza e didática dos ensinamentos espirituais, Kardec contou com um elevado número de Espíritos colaboradores, entre os quais Sócrates, Platão, Paulo, Erasto, João Evangelista, Galileu, Agostinho, Vicente de Paulo, Pascal, Fénelon, Swedenborg, Hahnemann, Rousseau, Chateaubrian, Lacordaire, São Luís e o Espírito da Verdade. São Luís era o próprio Luís IX, da França; o Espírito da Verdade é reconhecido por muitos como se tratando do próprio Jesus.
“Le Livre des Esprits” foi publicado na Tipografia de Beau, em Saint-Germain-en-Laye, bem perto de Paris. Logo logo, o livro correu mundo, atraindo a atenção de médiuns e curiosos de vários países. O lançamento ocorreu solenemente em 18 de abril de 1857, no Palais Royal, um dos locais mais importantes da capital francesa. Mais de cem exemplares foram vendidos ou doados na noite de estreia. Um sucesso para qualquer lugar e qualquer tempo.
Depois da 1ª edição, muitas outras perguntas foram feitas por Kardec, de modo próprio ou por sugestões. De 501, o livro foi aumentado para 1018 Questões. Com o desdobramento da Pergunta 1010, com dois assuntos para 1010 e 1011, o livro passou a ter, em caráter definitivo, a partir da segunda edição, 1019 Perguntas e Respostas.
Como foi dito antes, toda a revisão foi procedida pelo Espírito São Luís, rei francês de algum tempo antes. A médium que recebia as mensagens de orientação foi Ermance Dufaux, naquele tempo bastante jovem, mais tarde responsável pelos livros “A História de Joana D’Arc” e “Confissões de Luiz IX”. Uma curiosidade: Kardec conheceu Ermance no mesmo dia do lançamento d’ O Livro dos Espíritos.
Como marco histórico, é bom lembrar que, como antes ressaltado, as publicações d’O Livro dos Espíritos e do livro “A Origem das Espécies” saíram quase simultaneamente, pois com intervalo de apenas dois anos (1857-1859).
Auto de Fé de Barcelona
Famoso o chamado “Auto de Fé de Barcelona”, ocorrido em 1861. Uma livraria de Barcelona, em virtude de pedidos de futuros leitores, encomendou e recebeu trezentos livros espíritas. Mas tão logo foram recebidos, uma grande decepção, pois foram, num ato de autoritarismo e violência, apreendidos pelo bispo da cidade. Sem demora, a sentença foi executada com uma grande fogueira em praça pública. Por ironia da sorte e, sem dúvida, azar do bispo, o ato tornou-se uma destacada fonte de propaganda para o Espiritismo. Em decorrência do ato arbitrário e violento, muitas e muitas pessoas – boas leitoras - queriam saber sobre o conteúdo dos livros. Se foram queimados, era porque tinham grande importância. Para a editora em Paris, foi uma excelente oportunidade para muitas vendas.
Em 1864, três anos depois de Barcelona, “O Livro dos Espíritos” foi alvo direto de outro ato violento e de discriminação; a inclusão no Index Librorum Prohibitorum, o famoso “Index”, do Vaticano. Mais um incentivo para curiosos leitores desejarem um boa e útil chance do contato com os livros de Kardec e de outros autores do seu tempo.
Deus escreve certo por linhas tortas! Da perseguição espanhola para a romana, apenas três anos. Para o conhecimento e reconhecimento d’O Livro dos Espíritos”, todo um auspicioso futuro.
DIDÁTICA D’O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Com referência à Didática, é preciso dizer que o estudante Hippolyte Léon Denizard Rivail, desde os primeiros dias de aula no Castelo de Yverdun, foi o mais compenetrado e melhor aluno do professor Johann Heinrich Pestalozzi. Mais ainda: nas ausências de Pestalozzi, Rivail – um gênio com apenas quatorze anos, por reconhecida eficiência, exercia sempre a função de Diretor Substituto. Falando agora diretamente da organização didática e do conteúdo d’O Livros dos Espíritos, é preciso dizer que a sua divisão para ser totalmente pedagógica, ficou assim delineada em quatro partes:
- Das causas primárias
- Do mundo dos Espíritos
- Das leis morais
- Das esperanças e consolações…
A temática ficou assim distribuída:
- Deus
- A imortalidade da alma
- A natureza dos Espíritos
- As leis morais
- A vida presente
- A vida futura
- O porvir da Humanidade
Parte Primeira
- De Deus
- Dos elementos gerais do universo
- Da criação
- Do princípio vital
Parte Segunda
- Dos espíritos
- Encarnação dos espíritos
- Retorno da vida corpórea à vida espiritual
- Pluralidade das existências
- Considerações sobre a pluralidade das existências
- Vida Espírita
- Retorno à vida corporal
- Emancipação da alma
- Intervenção dos espíritos na vida corpórea
- Ocupações e missões dos Espíritos
Parte Terceira
- Lei divina ou natural
- Lei de adoração
- Lei do trabalho
- Lei de reprodução
- Lei de conservação
- Lei da destruição
- Lei de sociedade
- Lei do progresso
- Lei de igualdade
- Lei de liberdade
- Lei de justiça e de amor
Parte quarta
- Penas e gozos terrestres
- Penas e gozos futuros
- Conclusão
Sendo “O Livro dos Espíritos” o alicerce doutrinário, com divisão perfeita de temas, necessária era que seu conteúdo fosse, logo depois e na mesma década, aprofundado com outras obras da Codificação Espírita, ou seja “O Livro dos Médiuns”, o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, “A Gênese” e o “Céu e Inferno”, além de outras obras complementares indicativa de procedimentos e ações.
Como pode ou deve ser lido “O Livro dos Espíritos”? De várias maneiras, dependendo do conhecimento, do tempo ou do interesse do leitor. Melhor é a leitura do conteúdo completo, informação total, aprendizagem plena. Outras formas são a leitura dos capítulos de interesse de cada momento, através dos grupos de questões, com a escolha de um tema, preferindo um número de questão ou saltando a Introdução e os Prolegômenos, por serem muito eruditos e de difícil entendimento para um novato, principalmente pelo estilo e vocabulário específicos da Doutrina Espírita.
No caso de escolha da numeração das Perguntas e Respostas, aqui algumas sugestões:
Questão nº 1 - Que é Deus? Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
Questão 23 - Que é o espírito? O princípio inteligente do Universo.
Questão 622 - Confiou Deus a certos homens a missão de revelar a sua lei? Sim, certamente. Em todos os tempos houve homens que tiveram essa missão. São Espíritos superiores, encarnados com o fim de fazer progredir a Humanidade.
Questão 222 - Reencarnação: Não é novo o dogma da reencarnação. Ressuscitaram-no da doutrina de Pitágoras.
Questão 1019, a última. Poderá jamais implantar-se na Terra o reinado do bem? O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, predominarem os bons.
A Doutrina Espírita traz-nos uma tríplice forma de consideração. Sobre três ângulos: como Ciência, é filosófica e religiosa;
como Filosofia, é científica e religiosa; e como Religião, é científica e filosófica. Uma real e definitiva composição de conhecimentos.
TRADUÇÕES
Acredita-se que as publicações em Inglês e Esperanto, por questões evidentes, têm mais condições de provocar oportunidades para novas traduções, principalmente pela maior simplicidade gramatical e considerações de natureza semântica. Também a linguagem normalmente direta dos dois idiomas facilita grandemente uma interpretação mais coerente.
Ótimo que O Livros dos Espíritos – principalmente pelo fato de ser dividido e numerado em Questões - tenda todas as condições de dar respostas às perguntas “Quem”, “o quê”, “onde”, “quando”, “quanto”, “como” e “por quê”. Há em todo o texto, uma lógica perfeita, de tal modo que não deixa dúvidas no leitor. Tratase de uma obra histórica e didaticamente completa e eficiente, tanto no planos terreno como no espiritual. A verdade é que as 1019 Perguntas formuladas por Kardec tiveram importantes Respostas espirituais. ”O Livro dos Espíritos” foi o marco inicial do maior intercâmbio, quando pessoas e equipes dos dois planos cumpriram tarefas que, desde então, estão sendo desdobradas com o maior sucesso. Depois d’ O Livro dos Espíritos, muitas as análises de conteúdo. Valiosos compêndios e mensagens têm sido, nestes 162 anos, uma louvável contribuição da Doutrina Espírita.
Competência e desempenho
Muita competência, excelentes desempenhos. Sem exceções, todos somos missionários, assim na Terra como no Céu. Podemos dizer que hoje e sempre teremos que reverenciar Allan Kardec, Gabriel Delanne, Camille Flamarion, Bezerra de Menezes, Guillon Ribeiro, Eurico Barsanulfo, Caibar Schutel, Chico Xavier, Divaldo Franco, Haroldo Dutra e tantos e tantos outros. O que importa é saber e saber fazer! Com “O Livro dos Espíritos”, e as obras da Codificação, Kardec tornou-se o grande Pedagogo para qualquer tempo e qualquer lugar. Nele, tudo é claro, metódico, perfeito e eficiente.
PARTE III
ALLAN KARDEC
COMO ELE MUDOU NOSSAS VIDAS
Simone Mattos
Hippolyte Léon Denizard Rivail era um professor cético, conhecido autor de livros pedagógicos na França do século XIX, quando testemunhou mesas que giravam no ar e ditavam, ao som de pancadas, mensagens atribuídas aos espíritos desencarnados. Na época, fenômenos assim aconteciam com frequência para plateias das quais faziam parte, além de Rivail, diversos intelectuais respeitados e renomados, como o escritor Victor Hugo.
Mas, o que estaria por trás daquilo? Fraude? Hipnose coletiva? Foi o que o curioso professor decidiu pesquisar. O impacto de sua descoberta foi tão avassalador que fez com que, aos 53 anos, Rivail mudasse de nome e de vida. O professor tornou-se Allan Kardec, líder de uma doutrina tão significativa que, pouco mais de 160 anos depois, conta com mais quatro milhões de seguidores apenas no Brasil.
As fortes manifestações que despertaram a atenção de Allan Kardec foram uma ferramenta necessária, naquele momento da humanidade, para provar a existência da alma e a imortalidade do espírito. Mas, bem diferente dos impactantes fenômenos que ficaram conhecidos como “mesas girantes”, o Espiritismo se consolidou como uma doutrina focada no estudo e na pesquisa e que não se pauta pelo sobrenatural, pelo mágico ou pelas forças ocultas, pois toda a sua extensão é alcançável através do conhecimento. Muito mais importante do que ter explicado aqueles fenômenos pontuais, o legado deixado por Allan Kardec nos mostra o papel e a força que o amor e o respeito ao próximo têm na construção de um mundo melhor. “A compreensão dos princípios do Espiritismo nos leva, inevitavelmente, a uma mudança de postura diante da vida”, comenta o jornalista e arquiteto Eugênio Lara, editor do Pensamento Social Espírita (Pense), de São Vicente (SP). Lara destaca a importância das consequências morais que resultam do entendimento da obra de Allan Kardec. “Ele definiu a nova doutrina como ciência filosófica ou ciência de observação, mas sem perder a dimensão moral”, comenta. Para o jornalista, a finalidade principal do Espiritismo de Kardec é social. “Não se limita à experimentação e à constatação do fenômeno ou ao assistencialismo social e mediúnico, mas se desdobra em todas as dimensões do comportamento humano, moral, social”, diz.
Por isso, a morte e o morrer ganham outro significado.“A finitude da vida física e a ideia de imortalidade, vivenciadas mediante o processo reencarnatório, segundo as leis da evolução, oferecem uma nova concepção da existência”, comenta. Esse processo evolutivo se espalha por todo o Universo, em outros planetas habitados, porque o Espiritismo postula e adota como princípio doutrinário a pluralidade dos mundos habitados, sem a qual, a evolução não se processaria de modo integral e completo. Na opinião do mestre em Comunicação e editor do blog“Observador Espírita”, Dalmo Duque dos Santos, o Espiritismo teve pontos históricos importantes: a reafirmação da imortalidade em bases científicas, a difusão do conceito de reencarnação, a intercomunicação entre os polissistemas por meio de inteligências encarnadas e desencarnadas e, sobretudo, o resgate do Cristianismo em bases morais humanistas, desvinculado das igrejas.
Ele pondera, entretanto, que o conhecimento espírita teria avançado pouco como filosofia e ciência. “Crescemos numericamente como busca e expressão religiosa, em função dos mesmos e persistentes conflitos humanos: as questões da dor, da morte e do destino”, critica. Para progredir mais nos campos científico e filosófico seria necessária uma mudança de mentalidade. “Somente agora, 160 anos depois, é que estamos dando os primeiros passos nesse sentido multidimensional da doutrina”, afirma. Para ele, o Espiritismo atingirá a maturidade e a plenitude ética integral neste século XXI. “Isso significa que muitos pontos ainda incompreendidos da doutrina seriam desvendados”.
O jornalista Eugênio Lara concorda que o Espiritismo ainda tem muito a avançar e comenta que, nestes 160 anos, as maiores contribuições ficaram no campo assistencial. “Quase toda a literatura produzida, ao menos no Brasil, é voltada para a evangelização e a autoajuda”, cita. “Ainda há uma preocupação maior em evangelizar do que em assumir uma postura mais cultural, social e condizente com a natureza filosófica do pensamento espírita”.
Para o consultor em educação corporativa Sérgio Naumowicz, coordenador geral dos grupos de exercício mediúnico da Casa da Fraternidade (núcleo da Sociedade Brasileira dos Estudos Espíritas/SBEE, de São Paulo), a compreensão e o entendimento das raízes filosóficas e, principalmente, científicas da Doutrina Espírita estão sofrendo transformações coerentes e consequentes com o crescimento dessas áreas no próprio conhecimento humano. “A evolução do conhecimento humano, nesses campos, se faz década a década, e a nossa prontidão para compreensão se faz na medida da aquisição dos novos conhecimentos científicos, filosóficos e religiosos”, afirma Naumowicz, que estuda a Doutrina Espírita desde 1989.
Nota - Entre 2000 e 2010, o número de espíritas no País cresceu 65%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Espiritismo tem 3,8 milhões de fiéis autodeclarados, segundo o IBGE, e 30 milhões de simpatizantes, segundo a Federação Espírita Brasileira
“Costumo dizer que o contato com o Espiritismo aumenta muito nossa responsabilidade em relação à vida e ao próximo”, afirma o escritor Marcel Souto Maior, autor do livro Kardec – A Biografia, lançado no final de 2013 e que já vendeu mais de cem mil exemplares. Para ele, é difícil não se transformar depois de entrar em contato com lições deixadas por homens como Allan Kardec. Entre as máximas, cita: “Nascer, morrer, renascer – progredir sem cessar”; “Fora da caridade não há salvação”; “Ajude o outro e estará se ajudando” ou ainda “Trate o outro como você
gostaria de ser tratado”.
Também autor do livro “As Vidas de Chico Xavier”, que deu origem ao filme homônimo, Souto Maior compara o codificador da Doutrina Espírita àquele que foi o seu maior representante brasileiro. “Chico Xavier e Allan Kardec foram homens que viveram movidos por três sentidos muito fortes e raros: o sentido de missão (difundir o Espiritismo e a solidariedade no país e no mundo), o sentido de doação (ajudar o outro sem esperar nada em troca) e o sentido de aceitação (das próprias dores e dos ataques que sofreram).” Ele relembra um aprendizado que ouviu pessoalmente de Chico Xavier, durante as pesquisas que fez sobre
o médium brasileiro. “Ele me disse que havia aprendido a viver apenas com o necessário”, disse Souto Maior, que jamais esqueceu a força dessa lição. A provocação o fez avaliar sobre o quanto perdemos correndo atrás de necessidades irreais. “Qual a nossa medida de necessário e qual a nossa missão aqui e agora?”, indaga o escritor. “Se encontrarmos respostas para estas duas perguntas já daremos passos importantes nas nossas vidas”, comenta.
Durante suas pesquisas sobre Kardec, que o levaram quatro vezes a Paris, onde passou muitas horas de estudos no acervo da Biblioteca Nacional da França, ele apurou o máximo de informações possível sobre a repercussão da obra de Kardec nos jornais e revistas do século XIX. Sua constatação é de que foram muitos os ataques desferidos contra o professor por adversários da imprensa, ciência e igreja. “Em Paris, consegui reconstituir um pouco da atmosfera da época – esta tensão permanente entre Ciência e Religião, Crença e Descrença – e resgatar a “voz” da oposição a Kardec, o ex-professor cético que se tornou um missionário em campanha contra o materialismo”, conta.
Os centros espíritas que seguem a linha-mestra da doutrina codificada por Kardec – estudo e prática da caridade – funcionam como “núcleos de solidariedade” ativos e integrados no país. A cada reunião de estudo da obra de Kardec e a cada ação em favor do próximo, a mensagem de Kardec revive e um círculo virtuoso se forma. Esta é a opinião do escritor Souto Maior sobre a atualidade da doutrina. “Vejo os espíritas cada vez mais mobilizados e cada vez menos divididos no Brasil”. Ele diz
ainda que, quando lhe perguntam se o Espiritismo perdeu força e influência no Brasil após o desencarne de Chico Xavier, a sua resposta é sempre “não”. Além disto, comenta que o Espiritismo cada vez mais focado na solidariedade e longe dos ditos fenômenos.
Segundo o escritor, o Espiritismo ganha força a cada lançamento de livro, a cada novela com conteúdo espiritualista e a cada filme lançado no país. Ele lembra que filmes recentes, como “Chico Xavier”, dirigido por Daniel Filho, e “Nosso Lar”, dirigido por Wagner de Assis, levaram mais de sete milhões de pessoas aos cinemas. “Muita gente saiu das salas de cinema e entrou nas livrarias em busca dos livros de Chico Xavier e Allan
Kardec”, afirma. Sérgio Naumowicz concorda que filmes e livros despertam curiosidade sobre a Doutrina dos Espíritos, o que leva milhares de pessoas a os buscarem. “Contudo, isso me parece um fenômeno similar à curiosidade das experiências de Kardec há 160 anos”, compara.
Em sua opinião, Kardec lançou as fundações para que a Doutrina dos Espíritos construísse sua sustentabilidade em torno da pesquisa. “Porém, passados muitos anos do início de seu trabalho, e ao analisar o trabalho espírita no século XXI, percebo que pouco do seu caráter pesquisador fundamenta as ações desenvolvidas atualmente nas casas espíritas”, diz. Ele julga ser necessário que os centros espíritas busquem, cada vez
mais, a linguagem da pesquisa. “Somente dessa forma teremos uma doutrina pronta para os desafios dos séculos XXI, XXII e sucessivamente”, avalia.
COMEMORANDO OS 162 ANOS
Divaldo Pereira Franco
No dia 18 de abril de 1857, foi publicado em Paris, pela Editora Dentu, na Galeria d”Orleans, no Palais Royale, O Livro dos Espíritos, de autoria de Allan Kardec, obra que deveria assinalar um novo período na cultura da civilização.
Constituído por perguntas apresentadas aos espíritos pelo emérito Prof. Rivail, que mais tarde adotou o pseudônimo de Allan Kardec, em homenagem a uma reencarnação que tivera no século I a.C. nas Gálias e as respectivas respostas dos mesmos.
Inúmeros comentários nele são feitos pelo ínclito Codificador que deu a doutrina de que a obra se constitui o nome de Espiritismo, definindo-o “como uma ciência que estuda a origem, a natureza, o destino dos espíritos e as relações que existem com o mundo material”, e composto por 1019 questões sobre história, antropologia, filosofia, psicologia, ética e moral, religião, defluentes das pesquisas em torno da imortalidade da alma.
Produzindo uma grande celeuma na época, o extraordinário livro que abarca ímpar proposta de filosofia comportamental e moral cristã restaura os ensinamentos de Jesus, atualizando-os à luz da ciência e das conquistas modernas do pensamento.
Utilizando criteriosa metodologia de investimento de investigação da mediunidade – foram consultados centenas de médiuns de diferentes países –, o Codificador, conforme se tornou conhecido, confirmou a promessa de Jesus, quando anunciara que enviaria o Consolador para restabelecer a verdade dos seus ensinamentos e novas informações que, no seu tempo, a sociedade não tinha como entender. (João 14: 16-18)
Hoje o Espiritismo espalha-se pelo mundo, especialmente pelo Brasil, com a finalidade de confirmar a sobrevivência do Espírito à consumpção física, explicando, através da reencarnação, a Justiça Divina e abrindo largos horizontes de esperança e plenitude para todos.
Comemorando o seu 162º aniversário há poucos dias, merece ser lido e estudado, a fim de que se possa explicar os atuais conflitos que aturdem a sociedade.
UM DIA MAIS QUE IMPORTANTE
Canuto de Abreu
Quando os últimos convidados partiram, após onze horas, Amélie Gabrielle Boudet (esposa de Kardec) apagou as luzes do apartamento e recolheu-se logo ao leito, deixando RIVAIL no escritório, sentado à escrivaninha de carvalho, sob a luz bruxuleante duma vela.
Ele apanhou um caderno, já em parte escriturado e com o título ‘Memórias’ e principiou a escrever: “Hoje, finalmente, 18 de abril de 1857, posso dizer que lancei a público o trabalho mais importante de minha vida pelo enorme benefício que, certamente, espalhará. E isto devo...” Susteve a pena por instante e, tirando da gaveta central um dossiê de couro marrom, bojudo de papéis escritos, desatou-o e foi rebuscando entre folhas soltas a comunicação que lhe viera à lembrança ao escrever ‘devo’.
Tinha esta nota à margem: “De Zéphir, em 5 de janeiro de 1857, data em que entreguei o manuscrito d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS a Madame DENTU”. Evocando, mentalmente, o Espírito amigo que lhe dera, continuou a escrever após a palavra devo: “... Em primeiro lugar a ti, caro Amigo, prezado Companheiro de outrora. Quero deixar aqui transcritas, em destaque, as tuas palavras”: Obrigado ainda uma vez, caro Amigo. Não fiz mais do que o dever para ser digno de sua estima e da confiança de meu Guia. Se agi convenientemente, devo-lhe muito, prezado Irmão. Você guiou-me nos primeiros passos. Trouxe-me os primeiros instrutores. Apresentou-me ao Espírito VERDADE. Mostrou-me algumas páginas antigas de meu passado.
E agora nesta mensagem fraternal ao fim de nosso curso, me desvenda um pouco do meu futuro. Obrigado por tudo, mil vezes obrigado! Creio, como Você, que não viverei bastante neste corpo já alquebrado, para ver o triunfo da verdade espírita. Ficarei satisfeito se puder resistir, como você me anuncia, ao desenvolvimento germinativo da Filosofia que começamos a plantar hoje na Terra. A seara é de uns, a colheita é de outros. Assim diz o Evangelho. Mais de cem exemplares de O LIVRO DOS ESPÍRITOS já se foram neste primeiro dia, doados ou vendidos. Cada volume será um grão de vida nova lançado ao coração de um homem velho. Se algumas sementes caírem em corações ‘maduros ‘haverá, por certo, gloriosas ‘ressurreições mil e duzentas sementes da ‘A VERDADE’ serão lançadas no terreno da opinião. Se uma só frondejar, nosso esforço não foi em vão. Você prometeu, no começo das instruções, ajudar os que se esforçam. Sabe que esforcei. Rejubilo-me em ver que, também você cumpriu a promessa de ‘estimar’ os que se esforçam. Guardarei como preciosa a sua estima... Está ouvindo? O relógio soa meia-noite. Sinto alguém alertar-me em surdida. Adeus, caro Amigo!
LUÍS OLÍMPIO GUILLON RIBEIRO
Após a reencarnação de Allan Kardec, com a chegada da Codificação, vinda por seu intermédio à Terra, começou-se a sentir que grandes transformações iriam acontecer à humanidade. Desse período em diante, a Espiritualidade Superior, colaborando para que o Cristianismo chegasse com maior influência sobre os povos, enviou ao plano físico Espíritos de grande envergadura espiritual, para salientar e divulgar o Evangelho de Jesus em todas as expressões verbais. O mundo, através de seus povos e de suas formas de crer, reverenciando a Deus, recebe e recebeu do Alto Espíritos que reencarnam para serem orientadores, tentando divulgar a compreensão sobre os processos reencarnatórios. Foram muitos os vanguardeiros de épocas remotas que, através de exemplos, dignificaram a doutrina de Cristo para a Humanidade. E, entre esses, destaca-se no Brasil o nome de Guillon Ribeiro. Reencarnou, trazendo importante tarefa a realizar, quando desper-tou ao chamado do Mestre. Luís Olímpio Guillon Ribeiro nasceu sob a assistência do Plano Espiritual, no estado do Maranhão, em São Luís. O calendário marcava o dia 17 de janeiro de 1875.
ERMANCE DUFAUX
Ermance De La Jonchére Dufaux nasceu em 1841, na cidade de Fontainebleau, França. Próxima a Paris, abrigava a residência oficial de Napoleão III e de outros nobres. O pai de Ermance, rico produtor de vinho e trigo, era um deles. Tradicional, a família Dufaux residia num castelo medieval, herança de seus antepassados.
Com o tempo, os Espíritos também começaram a falar por Ermance. Em 1855, com 14 anos, Ermance publica seu segundo livro “spiritualiste” (na época, não existiam os termos espírita, mediunidade, etc). O primeiro a ser distribuído e vendido: “A história de Joana D’Arc, ditada por ela mesma” (Editora Meluu, Paris).
Segundo Canuto Abreu, a família Dufaux conheceu Allan Kardec na noite do dia 18 de abril de 1857. O Codificador teria dado uma pequena recepção em seu apartamento e os Dufaux foram levados por Madame Planemaison, grande amiga do professor lionês.
Como o apartamento de Allan Kardec ficou pequeno para o grande número de frequentadores da sua reunião, alguns dos participantes decidiram alugar um local maior.
Para isso, porém, precisavam de uma autorização legal. O Sr. Dufaux encarregou-se de obter o aval das autoridades, conseguindo em quinze dias o que, normalmente, levaria três meses. Conquistada a liberação, o Codificador e seus discípulos fundaram a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em Abril de 1858. Ermance foi uma das sócias fundadoras.
Durante o ano de 1858, Ermance recebeu mais duas autobiografias mediúnicas. Desta vez, os autores foram os reis franceses Luís XI e Carlos VIII. O Codificador elogiou o trabalho da Srta. Dufaux (2) e transcreveu trechos das “Confissões de Luís XI” na Revista Espírita(3). Nesse mesmo ano, Kardec divulgou três mensagens psicografadas pela jovem sensitiva (4). Não temos notícia sobre a possível publicação das memórias de Carlos VIII.
Canuto Abreu revelou que Rivail a utilizou como médium na revisão da 2ª edição de O Livro dos Espíritos.
Canuto Abreu
HUMBERTO DE CAMPOS
No livro Cartas e Crônicas, de Irmão X, pseudônimo do espírito Humberto de Campos, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier em 1966, no capítulo intitulado Kardec e Napoleão, relata-se o episódio em que estes últimos são apresentados pelo Espírito da Verdade, na noite de 31 de dezembro de 1799, no plano espiritual. O desencarnado que reencarnará como Allan Kardec é um espírito superior, apresentado como o apóstolo da fé, que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de conhecimento, enquanto Napoleão Bonaparte, reencarnado e em desdobramento, durante o sono físico, é informado que renasceu para garantir o ministério espiritual do discípulo de Jesus que regressa à experiência terrestre.
Diz-se codificador pois o seu trabalho foi o de reunir, compilar e sistematizar textos recebidos por diversos médiuns naquela época.
O ORGANIZADOR
Mineiro de São João do Paraíso, Wanderlino Arruda nasceu em 3 de setembro de 1934, tem cursos de Contabilidade, Letras e Direito, pós-graduação em Linguística, Semântica e Literatura Brasileira, especialização em Comunicação Social, Metodologia de Ensino Superior, Liderança e Relações Humanas, Sociologia e Política.
Educador na Universidade Corporativa Banco do Brasil, professor aposentado da UNIMONTES, fundador e primeiro presidente de duas instituições montes-clarenses: Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros e Academia Maçônica de Letras do Norte de Minas. Consultor da Fundação Rotária Brasileira, membro da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais (Belo Horizonte), da Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil (Rio de Janeiro), da Academia de Letras, Ciências e Artes do São Francisco e da Comissão Interpaíses Brasil, Portugal e Países de Língua Oficial Portuguesa (São Paulo). Membro da Universala Esperanto Asocio (Holanda), Sócio Emérito do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.
Palestrante em encontros literários, religiosos e maçônicos e em conferências regionais, seminários, fóruns e institutos nacionais dos Rotary. Jornalista, pintor, cronista e poeta, publicou Tempos de Montes Claros, Jornal de Domingo, O dia em que Chiquinho sumiu, Feeling-Poems, Emoções, Short Stories, Emociones, Construtores de Montes Claros, Prefácios e Comentários, Elogio das Letras (em parceria com o escritor Dário Teixeira Cotrim), Efemérides (História dos 50 anos da Academia Montes-clarense de Letras), Vivências, e os e-books Poemas de Puro Amor e Poemas e Crônicas. Prêmio nacional de pintura, participa de várias antologias literárias, regionais e nacionais. Tem vários blogs e é webmaster de vários sites regionais e nacionais.
Em Montes Claros, foi presidente do Diretório dos Estudantes, do Sindicato dos Bancários, da Câmara Municipal, do Esperanto- Klubo, da Fraternidade Espírita Canacy, da Aliança Municipal Espírita, da Feira Livre de Artes, da Academia Montes-clarense de Letras e da Academia Maçônica de Letras do Norte de Minas. Foi membro fundador da Faculdade de Direito, membro do Conselho Editorial da Unimontes, Diretor Cultural do Automóvel Clube, Vice-presidente da Câmara de Comércio Luso-brasileira em Minas Gerais, Delegado do Grau 33 da Maçonaria, Secretário de Cultura e diretor do Patrimônio Histórico. Sócio fundador do Rotary Clube de Montes Claros-Norte, é Sócio Honorário de R. Clubes de Belo Horizonte e do Norte de Minas. Governador e Diretor do Elos Internacional, Governador 94/95 do Distrito 4760 do Rotary International, tem diversos destaques: Academia Rotária; Reconhecimento Presidencial, Troféu Internacional Paulo Viriato, Companheiro Paul Harris, Benfeitor da Fundação Rotária.
Formador de governadores Brasil-Portugal (2000), em Anaheim, USA, coordenador da Força Tarefa de Serviços à Comunidade Mundial do RI (2001), Protocolo-assistente na Convenção Internacional do RI na Argentina (2000), Training Leader nos Institutos Rotários do Brasil, de Recife, São Paulo, Foz do Iguaçu, Aracaju e Florianópolis, Coordenador 2004-05 da Fundação Rotária (Brasil), Representante do Rotary International nas Conferências de Blumenau, Salvador, Goiânia, Feira de Santana, Salto (Uruguai), Concórdia e Salta (Argentina). Fundador de vinte e cinco Rotary Clubes.
Participações: Convenções Internacionais dos Elos da Comunidade Lusíada, Lisboa, Teresópolis e Belo Horizonte; Congressos Internacionais de Esperanto e Espiritismo, Brasília; Assembleias do Rotary International 1994 e 2000 (Team Leader), Anaheim, USA; Convenção Pan-Americana, Rio de Janeiro; Congresso Internacional do Rotary/Nações Unidas e Convenção Internacional do Rotary, Buenos Aires; Festival del Proyecto Cultural Sur de Escritores y Artistas, Havana; Conferência Latino-Americana do Crescimento Populacional e do Desenvolvimento (Coord. de Equipes), Brasília; Congresso Internacional de Empresários Brasil-Portugal, Belo Horizonte; Conselho Internacional de Legislação 2001 e Institutos Internacionais da Fundação Rotária, de 2004 e 2005, Chicago. Co-organizador do Pets Multidistrital do Rotary, Brasília- DF.
Homenagens: Personalidade do Século - Jornal Hoje em Dia/Theodomiro Paulino (2000), e Personalidade do Sesquicentenário de Montes Claros (2007). Medalhas João Pinheiro e Israel Pinheiro, do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Medalha Mathias Cardoso, do Governo de Minas. Presidente de Honra da Academia Montes-clarense de Letras e do Instituto Histórico Cultural dos Policiais Civis do Norte de Minas. Cidadão Benemérito de Montes Claros.
Casado com a artista plástica Olímpia Rego Arruda, o casal tem sete filhos: João Wlader (RC Montes Claros-São Luiz, RC New York-Oceanside e RC Tulsa-Sunrise), José Danilo (RC Belo Horizonte Serra), Denilson, Wladênia, Wanderlino Filho (RC Montes Claros-União, Manaus-Adrianópolis ), Rízzia (Intercambista, Ohio, USA) e Gracielle (RC Montes Claros-Sudeste); netos: Mayra, Lívia, Fernanda, Pedro, Natália, Heitor, Gabriela, Roberto, Lucas, Andrew e Pedro; uma bisneta, Clara Star.
Este livro foi composto na tipografia Minion Pro,
em corpo 12 e Impact em corpo 14/20,
impresso em papel offset 70g/m2 .
Montes Claros, abril de 2019.